"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CONTRASTES DA VIDA


É constante a colisão com os contrastes. Quanto mais atentos estivermos a eles, maior será o impacto.
Por imposição da minha vida acabo o ano assim mesmo: colidindo com os contrastes!
A nossa progressão faz lembrar uma viagem com vários apeadeiros, onde saltamos de estação para apanhar o próximo comboio.
Estou no trem da meia-idade e trago na bagagem vivências acumuladas e recheadas de contrastes que não descarto, sob pena de deles necessitar como exemplo futuro para mim e para os outros.
Esta etapa intermédia tem o seu quê de confortável…
Dou-me ao luxo de mirar a janela da vida com um sorriso, de antever situações, advertir os mais novos, acompanhá-los nos seus sonhos e ser também eu, figurante deles. Mas também me acresce de responsabilidades e deveres...
A experiência deu-me traquejo e muniu-me de alguns antídotos que me defendem de determinadas situações que não desejo, mas deparo-me com outras para as quais não tenho capacidade para contornar ou dar resposta imediata. Como todo o percurso intermédio, há o antes e o depois, e se por um lado sou espelho onde os jovens se podem reflectir supostamente para tirar ilacções, por outro revejo-me naqueles que já apanharam o último comboio. Na recta final, eles são o confronto com o meu provável futuro e por mais que contraponha com os argumentos da incerteza e me agarre firmemente à confiança que deposito em Deus, não fico isenta daquela sensação de “friozinho no estômago “ que me deixa um travo amargo em relação ao desconhecido.
São estes os contrastes do meu presente!
Paralela a esta subtileza evasiva de sentimentos que não contorno, sou confrontada com a necessidade e obrigação de ter que fazer, de me dar e doar. De estar à altura para receber, aparar os estilhaços e minimizar os estragos do que colide contra mim. Contrastes que levam a que tenha que me desdobrar, saltando de carruagem conforme as necessidades.

Se por um lado vibro e dou graças pela brisa fresca trazida pelos mais novos, por outro quase me apago ao ver a degradação a que um ser humano pode estar sujeito e a consequente tristeza para onde a mesma os atira impiedosamente. Quem fica indiferente? Quem não se deixará arrastar por esta corrente tanto mais vertiginosa quanto mais se aproxima do seu final? 

E são estes contrastes que me levam a pedir a Deus que me dote de sentimentos de piedade e de amor para me capacitar ao cumprimento do que me estiver destinado. Mas que o faça com alegria e não com um arrastado pesar. Porque é fácil recuar, viver e partilhar da alegria de quem tem ainda muitas carruagens para apanhar, mas muito difícil saltar à frente, ver e acompanhar a última viagem daqueles que amamos e que de nós dependem para que a mesma seja menos dolorosa e feita com mais dignidade.

Não sei o que irei encontrar quando me apear nem como será o meu próximo trajecto. Sei no entanto, que aqui e agora é urgente ter os pés firmes e uma mão auxiliadora na carruagem de trás e outra na da frente, mas ter dois braços abertos para abraçar todos ao mesmo tempo.
Para levar esta missão até ao fim, conto com um Amigo que não falha. Aquele que ao contrário de mim não hesita em descer do Seu pedestral para me confortar e abraçar.
Obrigada meu Amigo Jesus, por todas as paisagens que já me mostraste ao longo da minha viagem.
Obrigada quando me fizeste recuar ou avançar.
Obrigada pelas nuvens escuras que pairaram no meu trajecto, porque elas mostraram quão importante é a Tua Luz.
Obrigada pelos sinais que foste deixando como pontos de referência para que não me perdesse.
Obrigada Jesus pela vida que renasce a cada novo dia. Plenos de constrates que não são mais que degraus que me fazem progredir na viagem que me ofertaste como dádiva. 

Dulce Gomes

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

EU SOU O NATAL! ACREDITA!


Faz silêncio e medita…
É Natal! Acredita!
Dias de luz, cor e sonhos sem limites
De paz e amor, partilha e fraternidade
E a visita dum sentimento que me rasga por dentro:
A saudade!
Mas esse sentir, eu rejeito porque dói demais.
Tem o condão de me abrasar o peito
e de me arrastar a eito para o centro dos vendavais...
Mas dizia eu: É Natal!
Mãos cheias de compras, pressa, agitação
Respira-se no ar o desejo de camuflar a solidão
De esquecer e ser feliz
Ou até recuar no tempo e voltar a ser petiz.
Mas, que Natal?
Olhando para o lado alguém dorme no chão…
Numa cama de sacos, roupa de buracos
E mantas de papelão
Com o frio lhes sugando a alma
Soltam entre soluços pedaços de ilusão…
Mas tenhamos calma…É Natal!
Tempo de sorrisos e simpatia
Um lar quente, aconchego e fartura
E muita magia no ar iluminando a noite escura.
E aos poucos este efémero fulgor
Adormece e quase se esquece a cor amarga da dor
Mas é Natal!?
Então e os que não têm lar e vagueiam perdidos
 sem terem para onde ir?
Tão iguais e tão diferentes, esquecidos por toda a gente, sem forças nem meios para subsistir?
E os que estendem os braços
E não acham outros para enlaçar…
Os idosos de mãos trémulas e olhar vago
Implorando por um afago que tarda em chegar…
E as crianças sem um brinquedo
Amadurecidas à força pelo medo
De quem lhes rouba o direito de sonhar.
Ai é Natal…
São as guerras, o ódio o rancor
Contrastando com a frenética euforia
E neste misto de frio e calor
Arrefeço num gelo que me paralisa e esfria…
Mas sim, é Natal!
Palavra que no seu sentido verdadeiro
Aquece o meu coração por inteiro
Trazendo ao mundo uma luz infinita
Essa luz é Jesus, nosso Salvador
Que escreve com letras de amor:
“Eu sou o Natal. Acredita!”


Para todos vocês, meus amigos e companheiros de caminho, quero desejar-vos um Natal cheio de Jesus. Só Ele é o verdadeiro Natal, a verdadeira Luz.
O meu maior desejo? Continuar de sandálias calçadas e caminhar, caminhar...

Dulce Gomes

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

24º DIA DE CAMINHADA (EU QUERO SER UM VASO NOVO)

"Tu és o nosso Pai; nós somos o barro, e Tu és o nosso oleiro; todos nós somos obra das Tuas mãos. Não fiques irado para sempre Senhor, nem Te recordes sempre da nossa culpa. Olha que somos o Teu povo." Isaías 64,7-8



O Senhor está próximo! Eis que chegaram os dias de ultimar os preparativos para receber Jesus. Aos poucos foi ressurgindo nos nossos espíritos a alegria, fruto dos nossos silêncios com Deus e das reflexões, que estabeleceram em nós uma proximidade maior com a Palavra, levando-nos a mergulhar num mar de amor que nos inunda de frescura e nos “mata” a sede da Sua presença.
A alegria cresce há medida que o tempo se esvai, mas é exactamente nesse tempo que centro a minha reflexão. Porque ainda há tempo para nos deixarmos moldar e limar arestas!

Reflictamos com Isaías no capítulo 58. Fala-nos sobre o verdadeiro jejum e não
 daquele que é praticado sem um compromisso com a vontade de Deus, mas sim para apressar bençãos.
Neste contra-senso, somos alertados para avaliarmos as nossas acções e quais os motivos que nos movem. 


"O jejum que Eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir o pão com quem passa fome, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente. Se fizeres isto, a tua luz brilhará como a aurora, as tuas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que praticas irá à tua frente e a glória do Senhor te acompanhará. Então clamarás, e o Senhor responderá; gritarás por socorro, e o Senhor responderá: «Estou aqui!»...V.6-9

Convido-vos a ler este capítulo na íntegra.
O Senhor para além de nos interpelar, leva-nos a um compromisso com a Sua vontade ao esclarecer sem rodeios o que quer de nós, ao mesmo tempo que nos comprova a Sua infinita bondade.
E são tantas as promessas que o Senhor nos faz... pede-nos tão pouco e dá-nos tanto...
Este excerto induz-nos à auto-questão: Que jejum faço? O que me move? Quem de nós não se reconhece ainda em falta com estas e outras vontades expressas por Deus? 
Por sua vez, quem não ficará receptivo a emendar-se, se para tal basta que nos entreguemos confiadamente em Suas mãos.
Sejamos maleáveis à Sua vontade e deixemo-nos moldar como barro nas mãos do oleiro. Tenhamos a ousadia de passar à acção. Façamos! Porque há tanto por fazer e o Senhor alegra-se em nós por tão pouco.
Quem ainda não experienciou a satisfação de dar? Todos nós já fomos a mão que se estendeu para alguém; nesse momento fomos a mão de Deus. Já fomos os braços num abraço; nesse momento fomos o abraço de Deus.
E cresce nos nosso corações uma alegria que nos dilata a alma e nos eleva em louvor e agradecimento. É a recompensa do Senhor para connosco. É o Senhor dizendo: «Estou aqui!»

Mas as Suas promessas não se esgotam aqui, vejamos:

"A tua luz brilhará nas trevas e a escuridão será para ti como a clareza do meio-dia; o Senhor será sempre o teu guia e dar-te-á fartura mesmo em terra deserta; fortificarás os teus ossos e serás como jardim irrigado, como nascente onde não falta a água; as tuas ruínas antigas serão reconstruídas, levantarás paredes em cima dos alicerces de tempos passados. Chamar-te-ão reparador de brechas e restaurador de casas em ruínas, onde se possa morar..."vers10-12

Se separarmos cada frase e meditarmos sobre cada uma delas, confirmamos que todas nos levam à salvação através da nossa aceitação ao plano de Deus. Basta para isso, que lhe respondamos afirmativamente. E constatamos quão grande é a Sua gratidão para com quem o segue e quanta grandeza vê o Senhor na nossa pequenez...
Peçamos ao Senhor que quebre as nossas correntes e nos acorrente apenas e só à Sua vontade!
Quase, quase a receber o nosso Salvador, vamos corrigir até os nossos menores erros para mais dignamente O receber. Façamos jejum de tudo o que O desagrada, ainda que para isso tenhamos que renunciar a nós mesmos.

Será que Isaías nos ajudou a tirar alguma pedra esquecida do nosso caminho?

Não? Então amanhã iremos à casa do Joaquim. Vamos ler um conto de Natal. Mais um dia, mais um passo, mais uma oportunidade para melhor aplainarmos o nosso caminho para recebermos o Senhor.
Ele está quase a chegar.

Dulce Gomes

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DE ONDE VEM A FORÇA DOS FRACOS?

Hoje, ao abrir a Bíblia, os meus olhos repousaram em Macabeus 3,19.
"A vitória na guerra não depende da multidão de soldados, mas da força que vem do céu"

Transportando esta frase para mim, já que ela me caiu como se tivesse algo para me dizer, fiquei pensando quantas vezes me afasto desta certeza...
Nas "batalhas" que travo terei sempre presente que a minha força vem do céu? Apoiarei sempre as minhas atitudes e formas de luta nesta afirmação? Ou enredada e absorvida no propósito, fecho o meu coração às coordenadas certas que o céu me dá? 

É tão fácil a derrapagem...cegar nos nossos objectivos e esquecer que eles poderão não ser o melhor para nós, ou até que não é chegada a hora da sua concretização...
É tão fácil, perdermo-nos em formas de luta atabalhoadas e imprecisas que nos bloqueiam os ouvidos e a mente à Voz do céu...
Tão fácil cair por terra de cansaço e recostar o corpo desgastado à prostração do desânimo...
Tão fácil afastar a nossa culpa para nossa defesa...
Nestes momentos, as sombras pairam e como nevoeiro cerrado, impedem que a Luz de Deus nos repasse e seja visível e sentida por nós. Tudo fica escuro e o caminho é para nós como um beco sem saída.
Mas são exactamente nessas horas, quando caídos, que Jesus mostra toda a Sua Misericórdia, todo o Seu amor por nós. Vem em nosso auxílio. Basta que ergamos os olhos para o céu e lhe estendamos a mão, porque a D`Ele já está à espera da nossa.

DE ONDE VEM A FORÇA DOS FRACOS? DO CÉU!

Dulce Gomes

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

OUTROS NATAIS...

Há medida que o tempo passa por nós, acumulamos vivências inesquecíveis que alguns degraus mais atrás nos fizeram crescer de tal forma, que as carregamos para sempre num cantinho especial.

Não sei precisar exactamente em que ano da minha vida se passou esta história, mas terá sido entre os meus 8/9 anos. Até tarde acreditei que era o menino Jesus que nos trazia os presentes e assim a cada natal crescia em mim a esperança, de que o Menino Jesus me presenteasse com aquilo que sabia ser impossível que os meus pais me dessem. Aproveitando essa oportunidade, todos os anos renovava os mesmos pedidos com veemência: uma boneca, ou um brinquedo mais apetecido que via nas mãos das amigas, sem ousar pedir uma bicicleta embora bem lá no fundo acalentasse essa esperança. Ao chegar o dia 24 de Dezembro repetíamos cuidadosamente a mesma rotina: pegávamos num sapatinho e posicionávamo-los todos em fila que nem montra de sapataria; o meu ficava sempre num lugarzinho especial por ser o mais pequeno.
Ia para a cama só quando era vencida pelo sono e pela manhã a ansiedade batia cá dentro como um despertador.Erguia-me num pulo, acordava as minhas irmãs e corríamos até à cozinha. A decepção era sempre igual: no sapatinho tínhamos sempre o chocolate que reconhecíamos ter sido dado pela mercearia onde nos abastecíamos, ou aquele tecido ofertado e guardado pela minha mãe para posteriormente nos fazer alguma roupa. Depois de refeita, esperava resignada o próximo natal.
Mas houve um natal diferente. Num ano tal como nos outros, também deixei o sapatinho à chaminé mas com uma esperança redobrada. A minha irmã Isabel com apenas 14 anos havia começado a trabalhar e depositou em mim uma alegria e esperança de que naquele natal o Menino Jesus iria de certeza passar à nossa casa. Essa noite de natal foi a mais longa de sempre. O sono foi entrecortado por insónias que deixavam em alerta todos os meus sentidos. Eu esperava a vinda do Menino Jesus. Numa dessas insónias ouvi passos, seguidos do resmalhar das prendas e o meu coração saltou de alegria: O menino Jesus estava ali, deixando algo nos nossos sapatinhos. Pregada à cama esperei a custo pela manhã. Mal raiou o dia, ainda cambaleante corri até à chaminé e os meus olhos arregalaram de assombro: os sapatinhos estavam tapados de prendas com lacinhos.  
Claro que não recebi a bicicleta, mas depressa a esqueci perante a visão dos nossos sapatinhos tão recheados. Naquele ano, a minha mana Isabel foi o “menino Jesus” do nosso natal.

Hoje recordo esta passagem com um sorriso e com muita gratidão pelo gesto de amor tão significante da minha irmã. Ela soube juntar os escudos e abdicar deles para me proporcionar um natal inesquecível.
Porém, há muito tempo que agradeço ao Menino Jesus os nossos natais. Não tínhamos prendas, nem televisão, nem jogos. A nossa casa era pequena, bastante simples e humilde e para nos alegrar, apenas uma telefonia que tocava na noite de natal até bem tarde ao compasso do garfo que batia na frigideira enquanto o meu pai fritava os pastéis. Pelo meio ficavam os passos de dança pavoneados do meu pai, que se dividia por todas as mulheres da casa e no final fazíamos a “adiafa”: um chazinho com os fritos e pastéis ainda quentinhos e polvilhados de açucar e canela.
Afinal o Menino Jesus esteve sempre presente nos nossos natais, dando-nos o maior presente que uma família pode receber: união, paz, amor e alegria.

Só para concluir: Aos 20 anos, já casada, o meu marido pegou em peças velhas e formou uma bonita bicicleta azul que de tão pesada me venceu de cansaço logo à primeira, mas que me fez muito feliz.

Dulce Gomes

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ABSORVENDO ISAÍAS...

Numa fase de aprofundamento e espera, revolvo-me por dentro à procura daquela luz fulgurosa que por brilhar tão intensamente me ofuscava e me levava a que relegasse para último plano a minha vontade, instruindo-me os passos ao ponto de quase não os reconhecer como meus. Mas que no final, a alegria sentida era tanta que o coração quase explodia por ver o reflexo dos mesmos…
Neste momento se tivesse que comparar a minha luz interior, talvez a assemelhasse à da lua, porque me deixa ver pouco mais que sombras.
Neste Advento e por mero acaso, tenho-me “confrontado” muito com Isaías. A frase “Não temais”, tem sido uma constante e tem actuado em mim como um bálsamo. Aquilo que poderia não passar duma casualidade transformou-me num motor de busca ávido e sedento de entendimento com vista a perceber Isaías.
Apesar da minha grande limitação no discernir do seu conteúdo, esbarro com versículos que fazem crescer o fulgor apagado do meu interior. Ontem fui deitar com este versículo: “ Não tenhas medo, pois Eu estou contigo. Não precisas de olhar com desconfiança, pois Eu sou o teu Deus. Eu te fortaleço, te sustento e te ajudo com a Minha direita vitoriosa”. Is 41,10. Este capítulo tem o título: “Javé defende o oprimido”. Este é só um dos pontos de encontro meus com Isaías. Toda a sua palavra tem falado dentro de mim de forma vigorosa e sonora, ao ponto de a ler alto para A escutar e interiorizar, acabando sempre no final com um: “Obrigado meu Deus!”
Pela manhã foi esta a Palavra: “ O sol não será mais luz do teu dia, e de noite não será a lua a iluminar-te; o próprio Javé será para ti uma luz permanente, e o teu Deus será o teu esplendor”. Is60,19.
Cresce a tal alegria apagada e falada no inicio. Tento imaginar as provações de Isaías, situa-las no espaço e no tempo conturbado e ainda assim gritava: “Não temais” e continuava: “Será derramado outra vez sobre nós um espírito que vem do alto. Então o deserto tornar-se-á um jardim, e o jardim converter-se-á em bosque”. Is,32,15. Que força depositou o Senhor em Isaías…Tão grande que atravessou séculos e consigo ouvi-lo, aqui e agora…

Isaías foi e é um recuperador de fé, uma confirmação de que temos de manter acesa a luz da esperança. «Vinde! Subamos à montanha de Javé, vamos ao templo do Deus de Jacob, para que Ele nos mostre os Seus caminhos, e possamos caminhar nas Suas veredas». Is2,3

A minha luz já brilha um pouco mais que a lua e os meus olhos já definem cada pegada. Aos poucos a esperança outrora abatida está ressurgindo, sinto o restauro e o reforço das minhas certezas tão adormecidas ultimamente, resultante de diversas tribulações. Mas já vejo a luz. "Vem aí o Menino, um filho que nos foi dado: Sobre o Seu ombro está o manto real, e chama-se “Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz»." Is9,5
Estou tão absorvida que me apetecia transcrever muito mais, mas finalizo com palavras singelas e minhas:
Aceito este desafio que me foi proposto por Deus para caminhar com Isaías como "mentor" neste Advento, pedindo que ponha na minha boca e nos meus actos a Sua vontade de forma a chegar mais perto dos Seus propósitos." Eu confio e nada tenho a temer, porque a minha força e o meu canto é Javé: Ele é a minha salvação. Com alegria todos podereis beber água nas fontes da salvação". Is12,2
Continuemos esta caminhada com paz e alegria, tendo presente em nós a certeza de que as pedras do caminho não passam de obstáculos que temos de ultrapassar para aplainar as nossas veredas.

Dulce Gomes


sábado, 4 de dezembro de 2010

DEIXEM-ME CAMINHAR...

Inclinai para mim os Vossos ouvidos, apressai-Vos a libertar-me. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me salvar. Salmo 30,3



Tantas coisas me passam pela cabeça ao longo do dia, o pensamento voa mais rápido do que o vento e as ideias vêm cruzadas, no entanto em todos os segundos há sempre um que permanece: Jesus!
Jesus é o epicentro da minha existência. A Ele entrego as minhas alegrias, as minhas decepções e porque não dizer o que me faz extremamente infeliz. Dei comigo perguntando a mim mesma: "Porque é que consigo fazer chegar a Palavra de Deus aos mais afastados e não passo a mensagem aos que estão mais perto?"...


Tempo de advento, tempo de aprofundar e emendar, de esperar com confiança no Salvador.
Neste Advento entrego a Jesus todos os que ainda O não descobriram e consequência dessa lacuna vivem perdidos entre o ter e parecer, esquecendo de ser. Esquecem de ser bons filhos, bons irmãos, bons pais, bons seres humanos.
Neste Advento peço perdão a Jesus pelas palavras que deixo presas à minha falta de reacção quando seria imperioso soltá-las. Peço perdão a Jesus pelos sentimentos consequentes desse acto, que me levam a afundar numa luta desigual com o mundo que me rodeia e com o qual não compactuo por não me identificar com ele...
Vai restando a alegria de, paralelamente, Jesus me mostrar o outro lado. Um caminho onde posso firmar os meus pés e prosseguir, segura de que, dentro de mim brilha uma luz onde me refúgio e da qual por mais que soprem se mantém acesa. Essa luz é a Salvação da qual nunca abrirei mão.
Ainda que em silêncio, deixem-me caminhar.
Neste Advento que Jesus nos ajude a investir mais no SER...

Dulce Gomes