"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

sábado, 31 de julho de 2010

PORQUÊ OU PARA QUÊ?

E se a vida fosse uma linha recta, igual a uma estrada larga com boas escapatórias e de excelente visibilidade? Onde o nosso campo de visão fosse de tão largo espectro, que houvesse sempre tempo de reacção suficiente, para receber do cérebro as coordenadas certas para evitar uma colisão? Parece-nos uma fórmula perfeita...

Mas a vida não é uma linha recta, não tem bermas largas, nem o nosso raio de visão é suficientemente amplo para enxergarmos muito além. O nosso caminho é feito de curvas, contra-curvas e precalços, que constantemente põem à prova a nossa perícia. E o sair ileso ou não, tem que ser sempre um ponto de reflexão e posterior aprendizagem.
Se olharmos uma estrada deparamo-nos com vários sinais. Cada um informa, proíbe ou adverte-nos para algo, numa tentativa de nos precavermos para os mais diversos perigos.
Será que os respeitamos na íntegra? Ou preferimos ignorá-los na ânsia de que seja feita apenas e só a nossa vontade?
É certo que comparando a nossa vida a uma viagem composta de várias etapas, vemos que pelas caracteristicas de cada uma nem sempre escapámos incólumes em todas elas. Colidimos, magoamo-nos e sofremos as consequências. Também é verdade que nem sempre encontramos uma justificação apoiada num erro crasso. Aparentemente, cumprimos todas as regras, e eis que de repente vemo-nos a “braços” com uma situação que parecendo surgir do nada, abana toda a nossa estrutura, que julgávamos à prova de embate. Sentimo-nos abalroados na nossa imperfeita tentativa que atingir a perfeição.
De assalto, chegam à nossa mente todos os “porquês”, opomos resistência a enxergar o “para quê”, receando que a provação seja tão dolorosa que se torne insuportável, e erramos em deixar que sentimentos como a descrença e a revolta tomem o lugar da fé e da confiança.
Jesus disse a Tomé: Não sejas incrédulo, mas crente”Jo 20,27. Quantas vezes tomamos a mesma atitude de Tomé, acreditando só depois de ver?
Em vez de interpelar constantemente Deus, abramos o nosso ser aos Seus sinais, ainda que não perceptíveis na sua totalidade. Façamos deles o bálsamo que atenua a dor, a luz na penumbra, a estrela que nos guiará até ao final do trajecto.
Há que confiar que tudo tem um propósito, nem sempre claro à partida. Iremos concluir que as curvas da nossa estrada foram desenhadas pelas mãos dum Mestre, para que tenhamos a oportunidade de aperfeiçoar a nossa condução. E as pedras que nos fizeram tropeçar, foram cuidadosamente dispostas por Ele em sítios estratégicos para que adquiríssemos a capacidade de cair e nos levantar. Nesse erguer, infalivelmente, está sempre a Sua mão vigorosa que nos segura e endireita. É nesse momento que, ainda que cansados da jornada, sobressai a fragilidade da nossa condição humana, surge o admitir que “o nosso tudo é tão pouco”, mas afloram em nossos poros a fortaleza dum ser quase renascido das cinzas.
No momento de chegada, o mesmo Mestre gravará a luz sobre o vazio escuro e inóspito superado, todos os "para quês", tudo ficará claro e límpido como a água mais pura e só nos resta pedir perdão porque não confiámos cegamente. 
«Acreditaste porque viste. Felizes os que acreditam sem terem visto».Jo 20,29
Que o Senhor nos dê o a fortaleza, o ânimo, para ultrapassar as curvas e pedras do nosso caminho sem cair na tentação de achar que Ele nos abandonou.
Deus é Pai e ama-nos incondicionalmente.


Dulce Gomes


quinta-feira, 29 de julho de 2010

BAÍA DE SINES

Num entardecer quase perfeito
Rodo os meus olhos devagar
Sem forçar dilato em meu peito
O amor e entrega a este meu mar










Baía que o dia pinta de azul
E a tarde pincela em nuances de prata
Chega um veleiro, vindo do sul
E o quadro se completa, em tudo que retrata.

Corpos salgados num lento aceno
Sentam de cansados numa última bebida
A brisa leve e o clima ameno
Param o tempo, atrasando a despedida.

Quase noite e por fim
A baía é ouro bailando para mim
Ao som das ondas batendo mansinho.

Criando coragem meu corpo levanto
Junto a minha voz ao seu doce canto
E regresso a casa bem devagarinho...


Dulce Gomes

(Inspirado num entardecer na Baía linda de Sines e dedicado aos meus manos: Francisco e Isabel)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

QUE FAZEMOS NÓS DA NOSSA VIDA?



Que fazemos nós da nossa vida?
Ou, que deixamos nós que a vida nos faça?
Há quem defenda que os melhores amigos são os que trazemos da infância, com os quais repartimos o nosso crescimento e dividimos as nossas primeiras emoções.
Há dias cruzei-me com uma amiga de infância que desde os dezassete anos está viver num outro País. Por força dessa circunstância, apenas nos encontramos, na melhor das hipóteses, uma vez por ano. Trocamos conversas vagas e despedimo-nos. Este ano, cruzámo-nos numa noite amena, num dos passeios à beira-mar e a conversa foi um pouco mais além do habitual. Eu escutei, escutei, pouco intervi, mas fiquei terrivelmente impressionada pela forma expressa, dirigida aos que  cá deixou: Os seus pais.
O discurso frio, parecendo desprovido de sentimentos com que os “brindou”, levou-me à conclusão de que os anos apagaram do seu coração os elos de ligação para com os seus progenitores, levando à quebra dos laços que deveriam ser indestrutíveis e à prova de distância e que a sua vinda é quase um presente envenenado. Fiquei pensando nos seus pais, na forma como eles a pouparam do trabalho a que eu não fui poupada, que com treze anos já trabalhava no único empregador da terra: uma fábrica de conservas. Mas que nunca me deixou nem traumatizada, nem complexada. Pelo contrário, serviu para aprender que a vida custa, é dura, passei a entender muitas das frases dos meus queridos pais. Amadureci mais depressa.
A mãe dela era minha colega de profissão, pessoa muito trabalhadora com a qual muito aprendi e por quem tenho muita estima. A partir desta conversa, para além da estima que por ela nutria acrescentei a admiração e as minhas orações. Fiquei imaginando como se sentirá aquela mãe que apesar das dificuldades passadas, ainda hoje faz “das tripas, coração” para continuar a tratá-la como uma princesa nos poucos dias em que pode desfrutar da sua companhia. Dias em que apesar de a ter fisicamente perto a sente ausente e de quem recebe como recompensa apenas migalhas, consequência da indiferença dum coração endurecido.
Olhei-nos às duas. Pouco ou nada já temos em comum. A vida tratou de nos modificar através das vivências desiguais de cada uma. Caminhos diferentes levaram-nos a traçar rumos que cavaram um abismo entre nós.
Hoje, somos apenas duas pessoas que se cruzam esporádicamente, mas as nossas vidas falam linguagens opostas. Para dizer a verdade a minha língua ficou presa na tristeza e sem capacidade de resposta, mas o meu coração continua sufocado pelas palavras que lhe poderia ter dito mas não disse(porque não era o momento certo)e também porque não me achei com esse direito.

Tiro de tudo isto três lições:
1º-Temos que vigiar permanentemente os nossos corações, para que não percamos a sensibilidade de olhar os outros e a capacidade de os amar.
2º-Derrubei de vez com o estigma dos “amigos de infância”. Cultivo alguns, os verdadeiros. Mas as experiências vivênciadas ensinaram-me que os amigos são todos aqueles que aparecendo em qualquer altura, acrescentam em nós algo de válido, nos levam por bons caminhos e seguem em paralelo connosco em todos os momentos.
3º- Nós, somos na vida aquilo que de melhor lhe extraímos. As nossas atitudes são o espelho da nossa aprendizagem diária connosco e com quem nos rodeia. E como é demasiado fácil escorregar e assimilar aquilo que não nos enriquece, há que estar vigilante, saber fazer uma triagem de tudo o que a vida nos mostra adquirindo a capacidade de dizer um “NÃO” ao que não nos interessa.

Dulce Gomes

sábado, 17 de julho de 2010

PARA TI PAI


Hoje olhei-te pai.
Mas não com o olhar com que te olho todos os dias, não com aquele olhar vago e inquieto que levo quando te visito, objectivando apenas o saber se estás bem para poder voltar para casa tranquila e com a sensação do dever cumprido.
Não! Hoje olhei-te mesmo!
Tirei a névoa da pressa que não me deixa descortinar para além do que está visível e olhei-te com o coração...
Do teu metro e meio, os teus olhos eram dois faróis de ternura a olhar-me, como se quisessem reter-me para sempre dentro deles e foi nesse momento que os meus te fitaram.
Agarrei as tuas mãos com o pretexto de te perguntar por elas mas só queria afagá-las. Trémulas e deformadas, são a narrativa fiel duma vida dura pela qual lutaste com todas as tuas forças e empenho e há qual nunca renegaste. Pelo contrário, contas todos os seus episódios com o orgulho de quem a viveu intensamente e com muita honestidade. Elas falam de como atravessaste os temporais da tua existência, da bravura com que enfrentaste o mar, aquele que tanto amas, de onde tiraste o sustento mas que não te isentou de perigos... Contam os detalhes de como não deixaste que esse mesmo mar te engolisse, nas várias tentativas que fez para te arrebatar e da forma como o fintaste num dia de Maio, quando ele medindo forças contigo pôs à prova a tua destreza de "lobo do mar" e a tua fé. Nessa luta desigual, ganhaste. Puseste a salvo a tua vida e a de todos os homens que de ti dependiam, levando para bom porto aquele barquinho que mais parecia uma casca de noz ao sabor dos seus caprichos. Eu, a tua menina, fiquei de olhos arregalados na amurada como se estivesse à janela a viver um pesadelo, esperando o pior desfecho.
Tantas estórias têm as tuas mãos para contar...
Foram elas, outrora fortes, que me ensinaram a nadar e que me abraçavam logo pela manhã quando eu fugia da minha cama para me aninhar nos teus braços em busca de protecção...
As tuas mãos pai, eram o meu porto de abrigo e as tuas sensatas palavras eram o bálsamo para todos os momentos difíceis. Lembro que nesses momentos o medo se evaporava. Eras o meu paizão.
Ó pai e eu tenho sempre tanta pressa...
As nossas mãos ainda se agarravam e os teus olhinhos pequeninos, cheios de carinho razaram de lágrimas e foi nesse momento que tomaste a inciativa de me abraçar...perdi a pressa pai. Ficámos ali que nem dois tontos pronunciando palavras salteadas mas que ambos conhecemos de cor...
Sabes pai, no meu regresso a casa perdi a pressa. Agora sou eu que quero reter para sempre este abraço, sou eu que quero registar para sempre o teu olhar carregado de amor por mim em dois braços que frágeis e trémulos me enlaçaram.
Não quero mais sentir a pressa que me afasta de outros abraços, porque não sei quantos mais teremos oportunidade de dar.



Obrigado meu "Almirante das histórias"!

Da tua menina...

terça-feira, 13 de julho de 2010

IMÓVEL...


Imóvel, vagueio
pelas pedras repisadas do meu caminho,
recorto os pensamentos
entre os dias felizes e os mais cinzentos,
revendo cada espinho...
Estupidamente,
detenho-me sempre no que me dói.
Numa atitude quase masoquista
a minha mente traí o meu querer
e numa ousadia de conquista
calca sempre onde me faz mais doer...
Cada cicatriz mal sarada
que à força tento ignorar
não abre de novo por um triz
porque não me deixo avançar.
Respiro fundo...
Abro os olhos para o mundo
numa tentativa de me acordar.
Já desperta,
Inalo o perfume da vida
consentindo que me pinte de mil cores
lentamente adormeço as minhas dores
E renasço em cada ferida...
Invade-me a estranha certeza
De que uma luz de rara beleza
Se esgueira,

incidindo neste breu.
                 Fazendo de mim alguém mais forte
Vislumbro de novo o meu norte
E sei melhor quem sou eu.

Dulce Gomes

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O NOSSO SIM!

Perante Ti Senhor, o nosso Sim!

Selado pelas alianças entregues pela nossa filhota


Ó para nós...


OBRIGADO SENHOR!

sábado, 3 de julho de 2010

AOS AMIGOS

AOS AMIGOS

Os amigos são a brisa que amaina o sufoco
deixando-nos a sua mão "sempre à mão"
esperando um pedido de socorro...
Os amigos são aqueles que, ainda que à distância
estão perto...
São os que se alegram com as nossas vitórias
bebendo connosco da taça da alegria.
mas com os quais podemos dividir,
tornando-os mais leves, os momentos pesados...

Os amigos são estrelas luzentes em pleno dia
podemos até nem vê-los mas sentimos-lhe a presença
e o calor que deles emana aquecendo o nosso coração...

A todos os amigos que nos aconchegaram e se alegraram connosco em Cristo e Maria, o nosso obrigado.
Abraço em Cristo e Maria