"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

quarta-feira, 31 de março de 2010

ESPÍRITO SANTO (43ºdia de caminhada)

Se me amais, obedecereis aos meus mandamentos. Então Eu pedirei ao Pai e Ele dar-vo-á outro advogado, para que permaneça convosco para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não O vê nem O conhece. Vós conhecei-l`O porque Ele mora convosco e estará convosco.João14,15-17
Estamos a aproximarmo-nos a passos largos para o final desta caminhada. Com a graça de Deus, sobre muito já reflectimos e até debatemos. Ao fazê-lo, buscámos o entendimento da Palavra com vista a adquirirmos mais sabedoria sobre a mesma. Neste 43º dia de caminhada porque não falar sobre o Espírito Santo? Quem é? O que é? Porque pedimos que o Espírito Santo nos ilumine, nos guie, nos dê sabedoria? Porque fazemos o sinal da cruz dizendo: Pai, Filho, Espírito Santo?

REFLECTINDO
Jesus, sabendo que a Sua passagem na terra estava próxima do fim, preparou a Sua partida de modo a que os discípulos entendessem, que apesar da Sua partida física estar iminente, a Sua presença iria permanecer no meio de todos nós. Como? Deixando-nos o Espírito Santo!
Que acção tem o Espírito Santo nas nossas vidas enquanto seguidores de Jesus? Entenderemos nós, o Seu poder? Como O sentimos?
APROFUNDANDO
Como sempre, só sei dar testemunho do que vejo e do que faço, mas principalmente do que sinto. Recordo os meus primeiros passos na fé. Foram passos em que, além de inexperientes, eram vacilantes e sem certezas de nada. Passos dados a medo receando o desconhecido e fugindo da palavra “espírito” por interpretá-la de forma incorrecta. Com o tempo veio a consolidação na fé e com ela a destreza e o arrojo de desbravar um caminho, onde a vontade de seguir Jesus se sobrepôs aos medos. Inevitavelmente, cheguei à fase de aprofundar as dúvidas e procurar saber como e porquê invocar o Espírito Santo.

Pois bem, Espírito, tal como o nome diz não se vê nem se palpa, mas desce sobre nós sob a forma de Palavra, a Palavra de Jesus. Espírito não se escuta, mas fala-nos. Através da Bíblia, dum irmão que chega quando precisamos, dum abraço quando estamos carentes e até na palavra que nos vem à mente quando dela necessitamos e é da Sua vontade. Ou o reverso, quando somos nós os chamados a intervir e sentimos a graça da Sua descida que se derrama em nós, vindo em nosso auxílio. Espírito Santo é uma graça de Amor! Muitas vezes não alcançamos a dimensão destas graças porque as intitulamos de felizes coincidências. Não são coincidências. Jesus  move-nos, dá-nos as coordenadas a seguir e prepara-nos de forma a que sejamos Seus instrumentos. Põe-nos ao serviço uns dos outros. Nós pedimos a Jesus, Ele envia-nos o Espírito Santo, o Seu Santo Espírito que nos prepara o caminho e nos guia os passos, manifestando o Seu poder quando fazemos uma entrega verdadeira através da oração. A oração é a via directa para chegar a Jesus, é o trampolim que nos faz subir e chegar mais perto do Senhor. Orando, Jesus faz descer sobre nós o Seu Espírito, dando-nos entendimento, envolvendo-nos no Seu amor, luz e paz e os nossos olhos passam a enxergar à luz da fé.

Nada há a recear. Deus é Pai, é paz, é amor! «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. A paz que vos dou não é a paz que o mundo dá. Não fiqueis perturbados nem tenhais medo». Jo14,27.
O medo do desconhecido trava-nos os passos e não nos deixa progredir, priva-nos do contacto com a Sua Palavra que é uma fonte de vida e de esperança, fonte de força de onde recebemos o alento para as provações do nosso dia-a-dia. Fonte de onde jorram bênçãos inalcançáveis ao nosso parco entendimento. Não podemos descurar esta certeza: rezar é um acto de amor para com Aquele que tanto nos amou e ama, que deu a Sua vida por nós.
Deus, Criador, enviou o Seu Santo Filho para a nossa Salvação, que ao ascender aos céus, nos deixou o Seu Santo Espírito para nos santificar. O Espírito Santo é o amor entre o Pai e o Filho que desce sobre nós.
Por isso fazemos o sinal da cruz: Pai, Filho e Espírito Santo. Santíssima Trindade!

Dulce

Especialmente hoje, peço ao Espírito Santo que derrame sobre todos nós o Espírito da Verdade, do Entendimento e do Amor. Só assim poderemos ficar unidos à Sua Santa e Verdadeira Palavra, que faz de nós verdadeiros testemunhos vivos e actuantes.

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO
Espírito Santo, Deus de amor, concede-me:
Uma inteligência que Te conheça; Uma angústia que Te procure; Uma sabedoria que Te encontre; Uma vida que Te agrade; Uma perseverança que, enfim, Te possua. Amém.
Santo Tomás de Aquino

(Agradeço a todos os irmãos que leiam este texto, que me corrijam se algo estiver incorrecto e exponham a vossa sabedoria em forma de testemunho, de forma a que cresçamos uns com os outros no amor e na fé. Sei que muito mais haverá por dizer...
Abraço em Cristo e Maria, nossa Mãe)

Amanhã é dia de reflexão no blog da Teresinha http//teresa-desabafos.blogspot.com

sexta-feira, 26 de março de 2010

SEM TEMPO



Comparo a vida a uma maratona, num sprint que não vencemos, há-de haver sempre algo que queríamos fazer, mas não fazemos. É o trabalho, os filhos, o lar, o casamento e no corre-corre também relaxar por um momento.
Ufa… que sufoco…que mundo louco!
Numa velocidade estonteante, chegamos a uma conclusão brilhante:
Não temos tempo!
Numa lista de prioridades que lutamos por executar
não se encabeça a lista com a necessidade de orar.
Mas eis que nos derruba um sopro de vento e em plena aflição gritamos:
“Senhor, ajuda-me neste contratempo”...
E se o Senhor nos respondesse:
“Meu filho espera um momento, porque agora não tenho tempo”…

Então, quando o sol descambar e a noite acontecer
tiremos um minuto a sós e ainda que num sussurro de voz ousemos dizer:
“Perdoa senhor, a falta de tempo
a minha ausência na oração
mas povoas todo o dia o meu pensamento
e habitas no meu coração”.
Do céu o Senhor te sorrirá
Porque lhe agradou ver
Que perdeste um pouco do teu precioso tempo
Para lhO poderes oferecer...

Dulce

Rezai incessantemente no Espírito, com toda a espécie de orações e súplicas, vigílias, intercedendo, sem cansaço, por todos os cristãos.
Efésios 6, v.18

segunda-feira, 22 de março de 2010

CONFISSÃO E ORAÇÃO(34ºdia da Quaresma)

"Confessai uns aos outros os vossos pecados e rezai uns pelos outros, para serdes curados. A oração do justo, feita com insistência, tem muita força." (Tiago 5,16)


Num pequeno versículo, dois temas relevantes e de extrema importância, da qual, se queremos trilhar o nosso caminho na fé com verdade e intervenção, temos que nos debruçar sobre eles.
A confissão!
De coração nas mãos como sempre faço, me exponho, assumindo e descrevendo as minhas falhas, porque sei o quão valioso poderá ser um testemunho na progressão do nosso caminhar para Deus.
Há muito que abracei este chamamento, há muito que pela mão de nossa Mãe, Maria Santíssima, afirmei o meu Sim! Mas continuo reforçando esse sim, a cada dia e a cada passo que dou, conforme as provações que tenho que ultrapassar.
A confissão foi apenas uma delas. A uma data altura, o acto da confissão surgiu como uma fronteira, onde teria que mostrar tudo o que trazia na bagagem, com o propósito de que me fosse carimbado o passaporte para prosseguir. Perante isto, fi-lo! Mas de maneira desajeitada e sem muita convicção. Fi-lo porque queria ficar de consciência tranquila, queria receber o corpo e sangue de Cristo sem me sentir em pecado. Só que, cometi um grave erro: não mostrei o que tinha na bagagem. Apenas me limitei a dizer (orgulhosa) que na minha sacola não haviam grandes pecados. Calei quase tudo.
O resultado? Segui viagem de sacola mais pesada e com mais um pecado: o da omissão de quase todos os outros.

A confissão tem que ser um acto verdadeiro, onde antecipadamente temos que examinar à lupa a nossa consciência sem artefactos para nos desculparmos. Tem que ser dotada dum arrependimento genuíno, fiel a nós próprios e a Deus, culminando no acto corajoso e humilde de dizer: Senhor, errei! Peço perdão!
Porque até podemos sair vitoriosos a ludibriarmo-nos, mas jamais enganaremos o Senhor. Para salvaguardar essa exposição agarramo-nos ao facto de que nos confessamos em conversas privadas com Deus. Será assim? Ou será essa mais uma maneira airosa de fugir a um julgamento, que teria uma resposta imediata e directa de repreensão? Eu subestimei a capacidade de encaixe e de absolvição de quem Deus escolheu para se dispor a escutar-me. Ainda hoje e várias confissões depois, continuo lutando contra mim e pedindo para que Deus me dê a coragem de mais uma vez nesta Quaresma, despejar a minha sacola, para prosseguir viagem leve, absolvida e levitando no amor de Deus.
Como poderemos nós aspirar a que Deus nos ouça e nos dê gratuitamente os Seus dons, se nos apresentamos com nódoas que não tivemos coragem de limpar antes de ir à Sua presença?
Teremos credibilidade para pedir?
A oração!
Quaresma é tempo de fazer silêncio, pedir perdão e orar incessantemente.
Alcançaremos nós qual a dimensão do poder da oração? Tiago diz-nos: Rezai uns pelos outros para serdes curados”.
Seremos suficientemente perseverantes nela? Lembramo-nos sempre dos nossos irmãos que precisam de oração?
«Elias era um homem fraco como nós. No entanto, rezou bastante para que não chovesse e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Depois rezou de novo e o céu mandou chuva e a terra produziu o seu fruto». (Tiago5,17)
O que moveu Elias? A fé e a perseverança! Ele perseverou na oração. E nós? Insistimos nela com confiança extrema apoiada na fé que nos move?
A propósito de fé. O que é a fé? Pela primeira vez descobri este versículo e fez-se uma luz dentro do meu espírito.
«A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem». (Hebreus11,1)
Que grande verdade! Quantas vezes o Senhor já me deu de graça, a graça de O sentir muito embora não O veja? Como o Senhor é bom ao sentirmos que através da nossa entrega e oração, Ele, vem em nosso auxílio, nos ampara, atende e nos comprova através de sinais irrefutáveis. Num olhar outrora apagado que resplandece de brilho, de alguém que se cura, seja a doença do corpo ou do espírito, ou dum coração que se liberta e confirma o seu sim a Deus…
Apetece-me incitar a todos incluindo a mim, a orar incessantemente por nós e pelos irmãos, a amarmo-nos e aos irmãos e a não recearmos despejar a nossa sacola, tirando dela tudo o que nos pesa e embaraça, num acto contrito, profundo e verdadeiro.
Apetece-me dizer bem alto: (especialmente neste momento em que tantas graças tenho para Lhe dar)
Senhor quero manter-me com insistência no Teu caminho e de olhos fixos em Ti!
Obrigado Senhor por teres dado a vida por mim e para minha salvação. 
Como é bom saborear-Te meu Jesus e degustar as Tuas maravilhas.

Dulce

Meus irmãos de caminhada, deixo aqui um repto: Sobre este tema "confissão" aconselho-vos uma visita ao blog: tbcparoquia.blogspot.com. que é da responsabilidade do Pe. Manuel Gonçalves, que eu considero um amigo pela forma humilde como me visita. Nele está uma explicação detalhada sobre o Sacramento da Reconciliação que eu já li e recomendo.
 Outras postagens que vale a pena ler sobre o mesmo tema encontram-se no blog do nosso amigo Joaquim. São palavras que nos trazem ensinamentos e luz sobre este assunto, baseado num testemunho fortissímo ao nível de tantos outros dos quais o Joaquim já nos habituou. Os links são os seguintes:
http://queeaverdade.blogspot.com/2009/01/dia-de-louvor.html
http://queeaverdade.blogspot.com/2009/01/dia-de-louvor-parte-2.html

Obrigado ao Joaquim e ao Pe. Manuel Gonçalves

Continuemos na pegada do Senhor, passo a passo, amanhã estaremos reflectindo com a Teresinha do blog,

terça-feira, 16 de março de 2010

CORAÇÃO DE MÃE


Por vezes perco a fortaleza.
Desarmo da destreza que me caracteriza.
Sigo de olhar apagado
esboço um sorriso forçado
e a minha passada é imprecisa...
Gosto de me achar heroína.
De me convencer, que a vida
de tudo me vacina.
Ser arrojada, mulher/mãe, ser forte.
Apregoar-me calejada às maresias
e aos ventos que sopram do norte.
Mas perante a saudade
meu coração de mãe
perde a valentia.
E até a minha alma
outrora alegre,
fica sem vida, triste e sombria.
Perece, ao vaivém persistente
deste sentimento indesejado
 que sem regras se alastra,
percorrendo impiedosamente
um coração que se desgasta
mas permanece calado...

Dulce Gomes

( Sintomas de um ataque agudo de saudades da filhota. Mas nada de grave. Sexta-feira passa:)

segunda-feira, 15 de março de 2010

BARCO DE PAPEL



Solta a âncora desatando amarras
bradando aos ventos, ecos de esperança.
Faz-se ao largo liberto de garras
num arrastar consentido de mudança.

Barco de papel que sem arte de bolina
sorve num trago o mar denso e salgado.
Ousa contar-lhe segredos em surdina
expondo as cicatrizes do casco encarquilhado.

 Fez-se silêncio...

Calou o vento o seu rugido.
E numa repentina e doce acalmia
Sossega o mar, outrora bravo.

Barquinho de papel entorpecido
Olha o horizonte, já é dia
ao fundo, uma luz o guia no céu acinzentado.

Dulce Gomes

sábado, 13 de março de 2010

ESCUTAI! DESPERTAI! APLANAI! (25º dia da Quaresma)

Aplanai! Aplanai! Abri um caminho! Tirai as pedras do caminho do Meu povo! Pois assim diz Aquele que está no alto, lá em cima, Aquele que mora na eternidade e que tem um nome santo: Eu moro na altura santa, mas estou com os oprimidos e humilhados, para reanimar o espírito dos humilhados e reanimar o coração dos oprimidos.
Isaías57,14-15

Abri, como sempre faço, a Bíblia ao acaso. Deparei-me com Isaías51. Três palavras sobressaem.

ESCUTAI! DESPERTAI! APLANAI!
Fui meditando...

Quaresma é tempo de despertar...escutar...de aplanar o caminho...de avançar em busca da luz de Deus que ilumina e nos ajuda a limar arestas...que nos salva...luz que nos conforta, preenche...e dá aos nossos olhos outrora apagados, uma visão "à luz da fé."
E à medida que avançamos, a luz de Deus vai chegando aos cantinhos mais recatados da nossa alma, apurando os nossos sentimentos, aflorando em nós o desejo de entrega e de amor para com Deus e para com todos os que nos rodeiam. Além do nosso próprio caminho de conversão, Deus, responsabiliza-nos a intervir na conversão dos nossos irmãos. Somos filhos do mesmo Pai, que nos quer unidos e compactos a caminhar para Ele. E como bom Pai, põe nossos "dons" a render com o único objectivo:
De que todos alcancemos o Seu Reino de amor.

Esse plano, como tenho vindo a comprovar, passa muitas vezes pelo nosso recuo. Não um recuo feito de regressão na caminhada, mas um "voltar atrás" para ajudar a aplanar o caminho dos que ficaram: os cansados e oprimidos, os sem esperança, os que caíram num abismo de trevas, os que estão acorrentados e sem força para se libertarem, ou daqueles, que simplesmente não conhecem Jesus.
Este é um recuo que dói! É um aterrar doloroso numa realidade nebulosa em que cada um está submerso e de onde se torna difícil emergir de novo. Mas, quando Deus nos dá essa missão, capacita-nos com uma força empreendedora e surpreendente, assente na plena confiança de que estamos obedecendo à Sua vontade.

Quantas foram e são, as vezes em que volto atrás? Inúmeras! Quantas valeram a pena? Muitas! Mas são tantas as que também têm recuado por mim. Quantas vezes, sinto que não avanço nem tenho forças para arrastar para o lado os pedregulhos do meu caminho? E mais à frente, há alguém que Deus faz recuar para me buscar e dar alento, trazendo nas mãos as Suas bênçãos e na boca a Sua palavra. E com essa atitude eu desperto, deixando escorrer a seiva que me restaura e renova, me inunda de luz e ponho de novo meus pés ao caminho aplanado. 
Conclusão: Ora somos instrumentos de doação, ora receptores. Esta é a simbiose perfeita dum povo que se deixa conduzir pelo seu Rei.
«Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz que trás a boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião: «O teu Deus reina». (Isaías52,7)

Porém, por muita força e perseverança que Deus nos dê, haverão sempre lutas que abraçamos que se tornam infrutíferas, pelo “finca-pé” e resistência demonstrada. Lutas às quais expomos todos os nossos argumentos, mas que se revelam insuficientes e desgastantes... 
Ergue-se um impasse: resistir e continuar, ou desistir?
Jesus disse aos discípulos:
«Se alguém não vos receber bem e não escutar a vossa palavra, aos sairdes dessa casa e dessa cidade, sacudi a poeira dos pés» (Mt10,14)
Será este versículo bem aplicado neste contexto? Será que sempre que sentimos o apelo que carregar alguém é Deus que nos instiga? Não poderá ser apenas fruto da nossa muita vontade? Porque se Deus nos incumbiu de tal, então nós ao desistir, estamos fracassando...
E como saberemos nós quando devemos baixar os braços? Onde está a linha que nos indica onde e quando parar? Quando devemos nós sacudir o pó das sandálias e seguir em frente?
Bem sei que mais cedo ou mais tarde, Deus clareará o nosso espírito e nos dará o entendimento, mas não saímos ilesos. Cabisbaixos, depomos armas, deixando para trás os despojos duma missão abortada, mas seguimos tristes e frustrados, embora ávidos de regressar ao ponto de partida para nos banharmos na luz que irá sacudir o pó da nossa jornada...

Deus nos ajude a ser perseverantes, "prudentes como as serpentes e simples como as pombas.(Mt,10,16)"

Dulce
(Ps: Fico aguardando. Esperançada que a vossa intervenção me ajude a reflectir este pertinente tema...)
Amanhã prosseguimos aplanando a nossa Quaresma, com mais uma reflexão da nossa amiga Teresinha.

segunda-feira, 8 de março de 2010

IRMÃ/CORAGEM

PARA TI QUERIDA MANA


Há momentos em que se torna prioritário fazer algo, em que sinto que é chegada a hora de não adiar mais o inadiável.
Neste espaço, acima de tudo dou primazia ao amor. Aquele que me faz mover e avançar. É ele o meu amor a Deus, o amor que tenho à minha família e a todos os que me rodeiam. Em síntese, deixo escorregar nestas páginas retalhos da minha vida, esperando que de alguma forma acrescentem algo a quem me lê e que, aqui e ali, numa palavra, numa frase, alguém reflicta, aprenda ou tome consciência de algo que contribua para o seu crescimento.

Hoje vou escrever sobre uma pessoa muito importante para mim e que pelos contornos da sua vida, se tornou um exemplo de força, luta e fé. Uma pessoa que pelas suas limitações de saúde não consegue ler o que eu escrevo de maneira normal e muito menos comentar. Que não peregrina até nossa Senhora de Fátima da mesma forma que nós (suas irmãs e filha) e que por isso escapa e passa despercebida a quem não a conhece, ou não sabe o seu percurso de vida.
É para a minha querida mana ALICE que escrevo.
Hesitei, porque ao fazê-lo terei que falar das suas limitações, aquelas que tão bem trapaceia e contorna com os mais variados esquemas, que acabam por passar ao lado dos menos atentos, tornando-se perceptíveis apenas a quem convive com ela diária ou directamente.

Talvez comece exactamente por aqui, pela forma como ela aproveita os 25% de visão que lhe resta. Exemplificar, como faz uma pessoa que apesar de tanto gostar do que escrevo, não pode tirar partido do simples gesto de abrir o computador e ler o que vou fazendo desfilar conforme me bate no coração.
Como atenua este obstáculo? Fica dependente da leitura da filha que pacientemente lê e relê as vezes que ela precisa e depois espera ansiosamente as fotocópias de tudo (até dos comentários), com letras bastante ampliadas. E é vê-la com o auxílio duma forte lupa, buscar o ângulo mais propício e deliciar-se enlevada na leitura. Emociono-me quando vejo os dossiers onde guarda todos os meus registos (até aqueles que por aqui não passam), cuidadosamente alinhados e expostos numa prateleira como se de um tesouro se tratasse. 
Por vezes detenho-me a olhá-la, observo-a quando disfarçadamente percorre as moedas com os dedos para as identificar e só em último recurso pede ajuda, ou quando teima em pegar na agulha para pregar um botão e parece que tem nos dedos a visão que os seus olhos há muito perderam. Fico observando a forma como teima em render-se à sua condição limitada. Como disse, não, à dependência duma bengala. Como resiste ao facto de não poder fazer caminhadas, a forma como passou por inúmeras provações de saúde e não só, sem nunca beliscar a sua fé em Deus.

Caminha nas tribulações com os pés assentes no amor, esses pés que a levam de maneira diferente mas não menos preciosa, até Fátima, mas que preparam antecipadamente a nossa estadia e esperam por nós à nossa chegada com os olhos brilhantes de felicidade e os braços abertos para nos enlaçar. Hora emotiva essa…em que pega no seu bordão e se junta a nós, calcorreando os quilómetros que restam até o Santuário, de mão nas nossas mãos, guiada por nós até aos pés da nossa Mãe que nos espera e acolhe.

Mana querida, preciso de ti! Do teu exemplo de vida, da tua força. Da luz que vejo no teu olhar quando o meu está apagado. Da palavra que me acolhe quando as minhas me faltam. Do abraço que me faz sentir amada na hora certa. Do teu incentivo que nos estimula a cumprir o desejo da nossa mãe: ver as filhas sempre unidas. Hoje, não me é difícil olhar o céu e ver nele o sorriso aberto e feliz da nossa mãe quando nos via juntas...
Obrigado mana!


Neste dia internacional da mulher, descrevo-te orgulhosamente como exemplo de vida a todos que por este nosso espaço passem.
Irmã/Mulher/Coragem!

Da mana caçula
Dulce

quinta-feira, 4 de março de 2010

ENRAIZADOS EM CRISTO (16º dia da Quaresma)

Já que aceitaste Jesus Cristo como Senhor, vivei como cristãos: enraizados n`Ele, edificados sobre Ele e apoiados na fé que vos foi ensinada, transbordando em acções de graças. Cuidado para que ninguém vos escravize através de filosofias enganosas e vãs, de acordo com tradições humanas, que se baseiam nos elementos do mundo e não em Cristo.
Colossenses2,6-8

Mergulhei neste versículo e logo surgiu a necessidade de o aprofundar.
Vivemos numa sociedade em que constantemente somos assediados para caminhos aparentemente fáceis, onde existem promessas de resolução imediata para todo e qualquer problema, sejam eles de que foro. A oferta por ser agradável ao ouvido, depressa entranha e ganha espaço no interior dos menos enraizados em Cristo.

MEDITO!
Em tempo de auto-avaliação e emenda, pergunto-me:
Qual a profundidade da minha raiz em Cristo? Será ela suficientemente forte para aguentar tempestades, investidas, provações? Estarei de coração alicerçado e firme na fé? Pronta para anunciar Jesus Cristo contra correntes e marés?

Como gostaria de dizer que sim. Como gostaria de dizer que pratico na íntegra, tudo o que falo e aconselho. Como gostaria de poder dizer que não fujo à oração, que nunca rejeito o meu dever cristão. Como gostaria de dizer Senhor, que abandonei de vez os sentimentos de ira, arrogância, maldade, impaciência e má vontade e que no meio das provações, a minha raiz é tão profunda que a minha confiança é inabalável.

Mas a inconsistência assalta-me de mansinho, vem sorrateiramente pela calada e reconheço que muito do que não quero, ainda habita em mim. Quando menos espero, já derrapei nos meandros do meu labiríntico poder de errar. Esquecendo que só deveria ser permeável a Ti, mas impenetrável aos elementos do mundo. Esquecendo que apenas deveria plantar a Tua semente. Que tenho que ser humilde na busca da Tua sabedoria, para saber separar o trigo do joio. Esquecendo, que sem receio tenho que escavar bem fundo e retirar todas as pedras que impedem que a minha raiz se solidifique na boa terra.
Perdão meu Senhor, se continuo a encher-me duma elevada soberba, onde tomo como adquirido e consumado tudo o que tenho.
Perdão se o meu orgulho se sobrepõe à necessidade de aceitar a Tua ajuda, através duma mão que se estende para mim. É que sabes Senhor, tenho muito mais facilidade em dar do que receber...E isso é orgulho.
Perdão se me esqueço de ficar vigilante, de ser perseverante na oração e adormeço embalada na minha falsa fortaleza, esquecendo que sem Ti nada sou e que só na fraqueza Tu me fortaleces.
Perdão, quando coloco reticências no meu avançar e preciso dum mau despertar para cair na realidade.
Perdão, porque apesar de Te anunciar, não alcanço a dimensão do Teu feito, ao derramares o Teu preciosíssimo sangue para a minha salvação.
Dou-Te graças porque ainda assim, com todos estes actos erróneos, vens em meu auxílio, derramas a Tua Infinita Misericórdia sobre mim e me perdoas sem limites.

Senhor, gostaria tanto de poder dizer-Te que ao meu redor não vejo irmãos ludribriados e escravizados pelos discursos enganosos que os levam a abraçar filosofias que nada têm de Teu...
Nesta Quaresma, despoja-nos de tudo aquilo que não é Teu, enche-nos do Teu Santo Espírito para que possamos inovar, renovar e renascer no Teu amor!

Dulce

(Esta reflexão é baseada na carta de S.Paulo aos Colossenses. Abrindo a Bíblia Sagrada ao acaso, deparei-me com o versículo acima. Li a carta na sua totalidade e fiquei pensando no seu conteúdo. É que apesar da devida distância em tempo, a sua mensagem é tão actual que assenta perfeitamente nos tempos que correm.)

Amanhã continuamos esta caminhada de reflexões quaresmais, no blog da nossa Teresinha.
http://teresa-desabafos.blogspot.com/