Muitas vezes tenho sentido vontade de escrever sobre o vazio existente na minha terra em relação à fé. Vontade de relatar a minha tristeza em ver sempre os mesmos na missa e principalmente a tristeza de verificar a ausência de jovens. Este desabafo guardei-o sempre para e entre pessoas da minha confiança, temendo que ao fazê-lo caísse como uma crítica gratuita e maldosa a quem lê-se. Não é esse o meu sentir, é bem mais profundo. É a pena de não ver continuidade, as crianças frequentam a catequese, quanto muito fazem os primeiros sacramentos e quando atingem o início da adolescência olham a igreja como uma "seca", sem pontos de interesse, sem nada para lhes dar. De certa forma, eu entendo, porque apesar de já ter alguns aninhos continuo a gostar duma igreja com pulsar, que me estimule, me alegre e me leve a apetecer aprofundar o caminho para Deus. Entendo, porque quando mais nova também eu fugi da minha própria igreja que chegava a fazer-me sentir deprimida e triste, dizendo para mim muitas vezes que tinha que haver mais qualquer coisa na igreja para além das regras, das homílias irónicas e dos cânticos sempre lentos e tristes, entregues a pessoas cinzentas. Felizmente descobri outra vertente da igreja que me dá a, "quase plenitude" de felicidade na busca e encontro com Jesus. Mas esta introdução, desculpem se longa, é apenas a minha abordagem a algo lindo que se passou no Sábado na minha igreja.
A igreja saiu à rua!
Numa iniciativa salutar e entre paróquias, recebemos na nossa igreja o grupo de catecumenato de Béja que invadiu de jovens e violas a nossa cidade e o meu espírito. A alegria transbordou e vi sorrisos em rostos outrora sisudos, mas principalmente abertura nos corações. A igreja não estava cheia, estavam aqueles que aceitaram e tiveram coragem de responder ao chamado para evangelizar. Começou com oração e acabou com a benção do Espírito Santo, para que nos desse a ousadia de transpôr as paredes da igreja e levar a Palavra e o testemunho fora de portas e assim foi. Percorremos as principais artérias da cidade cantando, distribuindo panfletos informativos e, o que mais me emocionou, dando testemunho. Retenho um, que pela sua força e coragem recebi como uma lição de vida: uma senhora que, perante muitas pessoas que estavam na esplanada dum café, não se inibiu de educadamente pedir licença e falar de si, da sua fé e do caminho que percorreu até então. Isto é evangelizar! É seguir as pisadas de Jesus, é dar a conhecer a Sua Santa Palavra. Não importa se nem todos nos aceitaram, JESUS, também não foi bem aceite, principalmente na Sua própria terra. Entendi-o na perfeição, senti na pele que é bem mais fácil evangelizar quem não nos conhece, porque quem nos conhece não hesita a apontar-nos o dedo, mas a certeza e a alegria que Deus nos dá é tão grande que todos esses obstáculos não passam de pontinhos minúsculos e inexpressivos.
Mas para além disso, quem disse que seguir Jesus é fácil?
Dulce
(Na sequência desta iniciativa que se intitula "Missão, Nova Evangelização" haverá a continuação da saída da igreja para a rua e a partir de 10 de Maio, passarão a haver encontros no Salão Paroquial às segundas e quintas-feiras, com o objectivo: Evangelizar. Bem haja a todos os que se disponibilizam para que a Palavra circule e fecunde nos nossos corações.)