"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MONTANHA AZUL...

Hoje foi mais dia de voluntariado na Capelinha do Lar e como sempre e está estipulado, depois do terço, dividimo-nos em cada semana pelos três anexos do mesmo para assim tentarmos chegar junto de todos e levar um pouco de nós. Este pouco, vai desde a oração, à escuta, à ajuda espiritual e até ao momento musical: cantorias - improvisadas ou não – onde nem falta um fadinho cantado pela minha irmã Isabel.
Na hora do terço soubemos pelo marido duma senhora que está acamada e que costumamos visitar, que ela estava vestida e à nossa espera para a levarmos para a salinha onde costumamos reunir-nos, ansiosa para estar presente. O problema é que hoje não era o dia daquele anexo e esperavam-nos noutro lugar…
Pensativas, nenhuma de nós conseguia sair dali e deixá-la de mãos vazias. Fomos ao quarto da senhora - o marido ao lado - e encontramo-la deitada na cama mas toda arranjada como se fosse para uma festa. Dissemos-lhe que não poderíamos ficar...
Ela, resignada, disse que não fazia mal, só queria ouvir cantar o fado da “Montanha Azul” que havia escutado do seu quarto, mas ao longe, num dos dias em que lá fomos.
Instintivamente, rodeámos a sua cama e de mãos dadas a minha irmã soltou a voz…
Ela fitou o infinito, como que, para absorver todo e qualquer pedacinho do que estava recebendo; o seu olhar espelhava um brilho renascido; a sua expressão era luminosa e o sorriso contagiante. Deixámos escorregar a emoção e deslizámos noutras canções de louvor e graças...
Saímos sem palavras, impregnadas pelo momento e  percorremos a distância que nos separa até ao outro anexo quase em silêncio. 
Quais as palavras adequadas para soltar nestes momentos? Não existem por mais que as procuremos.
Quebramos o silêncio à chegada, quando fomos acolhidas pelos abraços e beijos de saudade, pelas palavras de carinho de todos os que nos esperavam. E aí, adiámos a interiorização de tudo o que trouxemos e recomeçámos de novo a dar, a receber e a encher ainda mais a nossa "taça", que hoje transbordou de tantas graças recebidas e que nos empurrou montanha acima, bem mais perto do azul do céu.

Dulce Gomes

6 comentários :

  1. E que belissima partilha...

    Tenho a certeza que as montanhas dessa senhora, se tornaram em planaltos... nem que por um instante...

    Beijinho fraterno

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  2. Bem haja, Dulce, pelo bem que faz às almas dos que têm a graça de privar consigo e gozar da sua companhia e orações.
    Um grande abraço, do Norte até ao Sul

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  3. Trabalho lindo, e nem é trabalho é doação feita com carinho. O doar-se não é trabalho, chega a ser semeadura. Parabéns, amiga!

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  4. Amiga que maravilhosa partilha.
    Ao darem momentos tão insignificantes para alguns...Deram vida amor e carinho para outros e um desejo tão simples realizado deu tanta alegria a quem recebeu, e quem deu de certeza encheu o coração e ficou feliz.

    A vida é assim dar no momento certo, receber sempre que a ocasião se apresenta.

    Esta canção encheu-me de alegria a voz entoa, parabéns, obrigada e que Deus se sirva sempre de vós para que em gestos pequeninos Ele possa fazer grandes obras.

    Santo natal
    Utilia Ferrão

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  5. que te posso dizer minha querida amiga que tu já não saibas ??
    só te posso dizer que me enches de orgulho ,,, tenho muito orgulho em vós todas ..~

    jinhos ..

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  6. Dulce,
    Belo exemplo.
    "Tudo o que fizerdes aos mais pequeninos é a mim que o fazeis"!
    E assim acontece Natal, que se repete pelo ano inteiro.
    Beijinhos,
    Ailime

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As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.
Madre Teresa de Calcutá