"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

sexta-feira, 28 de maio de 2010

SE EU FOSSE POETA...


Abro espaço no meu dia e voa a minha alma sem meta.
Numa velocidade estonteante, dotados de exactidão
seguem meus dedos pelo papel num incontrolável desafio.
Ora mel, ora fel numa estocada certeira
atingem sem piedade nem pré-aviso,
toda a minha verdade numa declarada guerra
de provocação..
Implacáveis, seguem caminho pelas veredas do que sou,
Chegam subtilmente de mansinho, onde guardo a minha essência.
Embora com prudência perco as forças,

não opondo resistência a esta forma de me descrever...
Leio um desfile de palavras que não ouço mas fazem eco em mim...
Traduzem lutas sem certezas e certezas pelas quais luto,
ataques e auto-defesas nem sempre conseguidos de modo mais astuto...
Sei contudo, que tudo somado é um contributo
Para que eu possa crescer...
Se fosse poeta inspirado, poderia florear a minha pessoa
Pintar de tom rosado até os recantos mais escuros
E fazer das minhas dúvidas um canal sempre seguro.
Porém sei que não posso nem devo
E aceito-me assim por mais que me doa
Tal e qual sou, sinto e me descrevo...

Dulce Gomes

quarta-feira, 26 de maio de 2010

JULGAMENTOS PRECIPITADOS

IGREJA DE PADRÓN

Depois de duas peregrinações a pé, uma a Fátima e outra a Compostela, cheguei à minha terra ansiando por assistir à missa na minha igreja em Sines. À saída, algumas pessoas amigas que deram pela minha ausência e sabiam a razão da mesma, acercaram-se de mim e entre abraços ficámos por ali conversando. No meio de tudo isto uma Senhora por quem tenho estima e já com uma certa idade olha para mim com um ar e olhar de crítica e diz-me assim;
“Deus me livre se eu fazia uma coisa dessas, ir a pé fosse onde fosse pagar promessas. Deus não gosta disso.”
Por momentos fiquei/ficámos olhando a senhora que continuava com o seu ar austero consciente de que estava plena de razão e também por momentos exitei sobre se deveria responder ou calar, mas resolvi calmamente explicar à senhora o que me move.
Este episódio não me ofendeu, pelo contrário teve um efeito benéfico porque me fez reflectir. Questionei-me na pressa que todos nós, eu incluída, temos em julgar sem conhecer nem aprofundar as situações e em quanto é bem mais fácil fazer um juízo precoce dos outros do que tentar entender os seus porquês.
Olhei para mim e avaliei o que estava sentindo naquele momento: Estava tocada nos meus sentimentos, incompreendida na minha fé e porque não dizer que me senti injustiçada. Porém, depois de tentar tirar a trave dos olhos daquela pessoa fui olhar a trave dos meus, não foi preciso fazer um exercício mental muito longo e recordei uma situação que me aconteceu em Padrón, uma das cidades onde pernoitámos no 4º dia da caminhada a Compostela.

Nesse dia, tinhamos caminhado 40 quilómetros sob um sol abrasador e apesar dos meus pés se encontrarem em mau estado e as dores persistirem, senti permanentemente a força de Jesus em mim. Quando o percurso era mais agreste, algo me aliviava a pressão e os meus pés levitavam. À chegada a Padrón, senti uma enorme necessidade de agradecer todo aquele percurso. Ao olhar para cima vi lá bem no alto dum morro uma igreja lindíssima e imponente, que só tinha acesso através duma escadaria que se estendia por muitos degraus. Subi tudo e entrei na igreja. O  terço tinha começado. Devagar, ajoelhei e agradeci o facto de ter chegado e estar ali na Sua presença. Assistindo, estavam apenas dois casais já idosos que comigo e o meu marido prefaziam 6 pessoas. Quando acabou o terço e começou a missa  o meu coração encheu-se de alegria e disse para comigo: Obrigado Senhor, era mesmo o que estava precisando.
Aos poucos apercebi-me que o Padre era já idoso e se socorria duma forte lâmpada para poder ler. Chegou a hora de comungar levantei-me e respirando fundo de alegria tomei posição no fim da fila, atrás dum senhor bastante alto, o Padre deu a comunhão aos quatro e quando chegou a minha vez foi embora...fiquei ali especada mas na esperança de que o Senhor tivesse ido buscar a hóstia para mim, mas não. Continuou a missa para a concluir e eu não tive outro remédio senão regressar ao meu lugar sem tomar o Corpo de Cristo.
Ajoelhei de novo tentando arranjar uma explicação para o sucedido e só me passava pela ideia de que o Padre me havia excluído! Desejei desaparecer dali e esquecer tudo, mas ao invés disso levantei-me num salto assim que o Padre se recolheu. Pedi-lhe licença para falar e reparei na sua dificuldade em me fixar, mas eu continuei e directamente lhe perguntei o porquê de  ter sido excluída da comunhão, o Senhor aproximou-se e perguntou-me onde é que eu estava. Estufefacta balbuciei: Onde? Ali assistindo ao terço, à missa como os outros...
Com humildade ele olhou para mim e disse: Perdão minha filha, não te vi, eu quase não vejo...
Por momentos não consegui dizer nada e se minutos atrás queria sair dali cheia de orgulho e com pena de mim, agora queria sair com vergonha de mim. Desculpei-me como pude e consegui.

No final conversámos, quis saber de onde eu era e porque peregrinava. Saí de lá com muito para aprofundar...
Eu havia julgado aquele Padre de maneira implacável e se acaso tivesse virado as costas recordá-lo-ia como alguém que me magoou. Hoje recordo-o como alguém que o Senhor moveu para me dar mais uma vez uma lição de humildade, ao mesmo tempo que me mostrou que não devemos fazer julgamentos precipitados até mesmo quando os julgados somos nós.

Dulce

domingo, 23 de maio de 2010

NAS PEGADAS DE SANTIAGO



Estou de volta!
Entre o cansaço e a persistência, entre as dificuldades e a solução das mesmas, mas sobretudo com uma vontade à prova de quase tudo chegámos depois de 7 dias de aventura, cinco destes feitos a caminhar por trilhos e lugares que têm tanto de difícil como de extrema beleza. Percorremos à volta de 155 quilómetros.
Pretendo depois de reflectir um pouco em todas a peripércias deste caminho fazer uma retrospectiva de tudo o que vivi, senti, aprendi e cresci. Deixar escrito para mais tarde recordar e quiçá elucidar com esta experiência alguém que não faça ideia do que é fazer uma caminhada espiritual. Onde o cansaço por vezes domina o raciocínio na sua quase totalidade, deixando em certas alturas o nosso pensamento à mercê das dores que vão crescendo à medida que se avançam nos quilómetros. Principalmente nesses momentos somos confrontados a olhar-nos como seres débeis e frágeis perante as adversidades, nesses precisos e duros momentos assaltam-nos uma panóplia de perguntas sobre a nossa existência, sobre quem somos e onde nos encaixamos neste universo.
Senti-me muito pequenina perante a dimensão duma natureza que me arrebatou pela grandiosidade das suas maravilhas. Muitas vezes gritei a plenos pulmões: "GRANDIOSO ÉS TU, Ó MEU SENHOR"
O meu Senhor, que me ajudou nos momentos mais complicados e me renovou, restaurando as minhas forças e tratando as minhas mazelas.
A minha primeira lição aprendi exactamente no 1º dia: Parti segura de que o meu ponto fraco seria o facto de ter de caminhar com uma mochila de sete quilos, preparei-me mentalmente para as dores nas costas. Estava convencida que, depois de caminhar para Nossa Senhora durante cinco peregrinações sem nunca ter feito uma bolha estaria isenta desse problema...muitas vezes brincava com esse facto dizendo que não era uma verdadeira peregrina por não as ter, pois bem se acaso só isso faltasse, no primeiro dia teria preenchido esse último requisito porque passadas seis horas de caminhada já tinha uma bolha enorme na planta do pé, o outro não se ficaria a rir porque seguiu igual caminho. No entanto, agradeci! O Senhor quis mostrar-me a minha pequenez, baixou-me a crista e nesse momento senti na pele todas as dores que vejo nos olhos dos muitos que comigo peregrinam. E se estou habituada de, no caminho para Fátima ir quase aos pulos e saltos, neste percurso tudo se alterou. A partir do momento em que fiquei condicionada a minha passada mudou ao mesmo tempo que mudei a minha maneira de peregrinar, por isso agradeci não ter dado um passo sem nenhuma dor e ofertei cada um pelas intenções que levava. Recordo que ao 3º dia quando finalmente deitei o meu corpo fatigado numa enxerga dum albergue, pela minha mente passou a visão de Jesus vergado pelo peso da Sua cruz arrastando os pés a caminho do calvário. Com vergonha da minha falta de coragem entreguei-lhe os meus insignificantes passos e dores, de lágrimas rolando pela cara abaixo. Que fraca me senti...e tão forte o Senhor me fez no dia seguinte, que por sinal era o que mais receava pelos quarenta quilómetros que nos tinhamos proposto a tentar fazer (duas estapas seguidas). Neste 4º dia e apesar das bolhas, a dor no joelho e nos tornozelos fizeram uma trégua e os meus pés criaram asas. Durante todo o percurso senti fortemente a presença de Deus no meu coração e sei que ele aliviou o meu caminhar. Senti que Jesus me levou o colo.
Também aprendi que, muito embora num casamento de 30 anos muito já esteja explorado, há sempre muito mais ainda para descobrir e aprofundar com aquela pessoa que escolhemos para nosso companheiro. Outras vertentes foram descobertas e outros planos traçados. A seu tempo sei que entenderei melhor o propósito deste caminho que sinto, será apenas o início de outros. Só Deus saberá quais os frutos que colheremos, mas ainda que mais não recebessemos todos os que saboreámos já seriam suficientes para nos compensar.
Aos poucos irei deixar cair aqui os momentos que me marcaram e pelos quais eu estou dando graças.
Obrigado a todos vocês, meus amigos que pediram por nós em oração para que Jesus nos acompanhasse.
Obrigado!

Dulce

Um pouco do nosso caminho

A partida registada pela filha na Gare do Oriente, em Lisboa.

À saída do Albergue de Ponte de Lima


Conferindo o caminho no mapa


A rudez do trilho pela Serra da Labruja



A presença de Jesus a cada passada fazendo relembrar aos mais desatentos de que esta não é apenas uma caminhada...


Descansando as mazelas


Os sorrisos estampados no rosto de quem caminhou por e com amor.
Obrigado marido/amigo/companheiro duma vida!


sexta-feira, 14 de maio de 2010

RENOVADA

Cá estou!
Não me ocorre dizer muito porque não sinto que saiba traduzir neste momento o que está no meu coração e também porque há muito para reflectir e pôr em ordem cá dentro. Mas, quero partilhar convosco que connosco estiveram em oração, a nossa alegria por termos chegados todos a casa , renovados e com um brilhinho no olhar que foi crescendo a cada passada.
Muito haverá por dizer mas neste momento apenas vos digo que tenho o coração dilatado: de amor, de alegria e acima de tudo pela conversão de muitos irmãos que partiram sem expectativa e ao 1º dia já queriam voltar. Sinto uma sensação de dever cumprido pelos novos que foram através de nós. Alegro-me em Cristo e Maria e dou-Lhes graças pela missão confiada. Quando parti, pedi a Nossa Senhora que, em todos os momentos, fosse realizada apenas e só a Sua vontade em tudo o que Ela me tinha confiado, hoje, apesar de esta ser uma conclusão prematura, sinto me mim aquele fogo cá dentro que me diz que a missão foi cumprida. Obrigado Virgem Mãe por me amares tanto.
Muitas graças foram derramadas e a nossa peregrinação culminou com um ponto alto: a oportunidade de estar presente na Igreja da Santíssima Trindade e ser recebidos pela Sua Santidade: O Papa. Foi um momento inesquecível que guardarei para sempre.
Saibam meus amigos que à mãe vos entreguei um por um, em voz alta. Não o fiz em voz alta para que a Mãe me ouvisse, porque Ela lê melhor do que nós o nosso coração, mas para me certificar de que não esquecia nenhum. À mãe entreguei os vossos anseios e problemas, pedindo para que nossa Senhora os assistisse em tudo o que todos vocês necessitassem e para que sentissem os benefícios da nossa entrega na oração. Porque orar encurta o caminho para Deus.
Por último, esta é uma chegada e uma partida, porque estou fazendo a mochila para partir de novo em peregrinação. Desta vez a Santiago de Compostela e apenas com o meu marido. Peço-vos que orem por nós para que esta caminhada seja de conversão e entrega. São as duas palavras que sinto quando penso na nossa caminhada.
Expectativas? Apenas duas. O reforço dum casamento que quero ungido pelo amor de Deus e a entrega...a minha e a do meu marido à fé e ao amor maravilhoso de Deus.
Rezem por nós!
Mais uma vez levar-vos-ei no meu coração.
Parto domingo de Lisboa e não sei ao certo quando regresso, apenas que temos nove dias para concluir esta "aventura".

(A todos os peregrinos que comigo caminharam, o meu obrigado em nome das meninas de Sines. Vocês são maravilhosos. Às guias, ao apoio ao longo do caminho, o nosso bem-haja por tudo. Estão sempre nos nossos corações, não só como amigos mas como irmãos em Cristo)

Deixo-vos uma frase do Santo Padre que me tocou:
Sejamos fortes na fé, audazes na esperança, zelosos no amor!
Assim seja!
Até já.

Dulce Gomes

quarta-feira, 5 de maio de 2010

COM MARIA...ATÉ JÁ!

ATÉ JÁ...


Meus amigos como certamente já se aperceberam, hoje, estarei de partida para Fátima. Acompanham-me como sempre as minhas queridas, irmãs Alice, Isabel, sobrinha Ana e um grupo de amigas que este ano aumentou, graças ao chamamento que Maria, nossa Mãe, vai pondo nos corações de todos os que se deixam tocar por Ela.
Na bagagem não levamos promessas por cumprir nem desejos utópicos para pedir, apenas muitas graças para dar e uma vontade férrea de nos doar em oração por todos aqueles que precisam da intercessão de Maria. Connosco levamos as intenções manifestadas por todos os amigos que nos pediram em oração e também os que não tiveram a coragem de o fazer. Os que conhecemos pessoalmente e aqueles que apesar de não lhes conhecermos o rosto são amigos do coração, e com os quais ainda que virtualmente encetámos amizades que modificaram as nossas vidas, enriquecendo-nos como seres humanos e dando-nos a alegria da sua presença.
A todos, o nosso obrigado e a certeza de que estaremos orando incessantemente por todos vós.
Dulce, Isabel, Ana, Alice, Lena, Manuela, Fernanda, Céu, Nita, Bela, São, Susete, Madalena, Celeste, Laura, Luisa, Elisa, Barbara.

Lembrem-se de nós nas vossas orações, pedindo à Mãe que nos assista para que possamos assistir. Nós, não esqueceremos de vocês, um por um...
Abraço em Cristo e Maria


MARIA
Humildade do coração de Maria
Enche o meu coração
Com os teus sentimentos.
Ensina-me, como ensinaste Jesus,
A ser manso e humilde de coração.

Silêncio de Maria
Ensina-me como posso conservar
Contigo e como Tu, "todas estas coisas"
Que dizem respeito ao Teu Jesus.

Solicitude de Maria
Ajuda-me a socorrer com amor
A doar com prontidão
A anunciar com alegria.

Madre Teresa de Calcutá

sábado, 1 de maio de 2010

MÊS DE MARIA, NOSSA MÃE

Entrámos no mês de Maria, nossa Mãe do céu, que ao longo do ano nos escuta, nos ampara e toma como Suas as nossas causas.
Maria, Mãe bondosa que nos enche os corações de coragem ao mesmo tempo que nos atende.
É pois nosso dever principalmente neste mês, prestar-Lhe um pouco mais de atenção rezando o terço todos os dias conforme é tão do Seu agrado.
Este é um mês muito especial para mim, porque sempre que ele começa chega a ansiedade de quem está de partida. Quase a pôr os pés na estrada é hora de fazer as malas e reflectir. Hora de despedir da família, dos amigos, levando na bagagem todos os meus e os seus anseios, preocupações e guardando cada um, num cantinho especial do meu coração para que peregrinem comigo pela mão de Nossa Senhora.
Ao entregar a nossa Senhora os meus passos, estarei também confirmando o meu "Sim" a Jesus, louvando e agradecendo por todas as Suas graças.
Este ano levaremos nas nossas blusas a Senhora das Graças. Porquê? Porque deixámos ao critério da minha querida sobrinha a escolha das nossas blusas e foi assim que ela A viu: Nossa Senhora e Mãe, envolvendo-nos no Seu manto de amor, de braços abertos derramando graças sobre nós, como que para nos consolar, amparando-nos e protegendo-nos de todo o mal e dor.

EIS A NOSSA BLUSA.
OBRIGADO "XUBINHA" FICOU LINDA.


A pagela foi feita pela São, uma amiga de infância que este ano também irá.
Obrigado amiga pelo amor e empenho com que as fizeste.



O nosso livrinho de orações e canções feito também pela "xubinha"



OS NOSSOS PÉS

 E CÁ DENTRO UM CORAÇÃO GRATO.
OBRIGADO MÃE!