Acorrento-me às palavras que me libertam e mergulho em queda livre. Numa vertiginosa velocidade os meus pensamentos se atropelam e eu perco-me nos mais variados raciocínios.
Aos poucos faço a triagem desta miscelânea que me assola e vão surgindo mais definidos os pontos cruciais: amigos, liberdade, família, união, fé! Tenho o mote. E agora? Detenho-me na liberdade e pergunto-me: Que significa esta pertinente palavra “Liberdade”? O que é ser livre? Fui mais longe e procurei sinónimos, eis alguns: permissão, autonomia, independência.
Olho para dentro de mim! Nem sempre sinto a liberdade dita “normal”, não sou independente e tenho a autonomia natural duma pessoa que leva a sério todos os seus deveres e que, como tal, me prendo a eles em desfavor de mim. Mas sinto-me livre!
Olhando ao meu redor vejo muita liberdade, mas pouca libertação. Perguntar-se-ão qual a diferença? A liberdade é na verdade autonomia, é não precisar de pedir permissão a ninguém para fazer o que quer que seja. Liberdade é ir onde se quer e com quem se quiser. Mas, constato que essa “liberdade” muitas vezes prende quem a têm e funciona como um escape para nada se aprofundar, soltam-se palavras fúteis que provocam uma boa gargalhada e agarram-se as saídas como a fórmula, que finta a reflexão à essência do ser. Seguem-se as maiorias porque é vitória garantida. No fundo segue-se o caminho dos outros sem construir um próprio, deixando-se conduzir pelo caminho mais largo, aquele onde é mais fácil caminhar, onde nada é posto à prova, porque nada se expõe.
Não será receio de mergulhar dentro de si mesmo? De assumir?
E agora falemos de libertação. O que é?
À partida parece entediante e chato, quase o contrário de liberdade, mas não é!
Libertação, é ter o livre arbítrio de escolher o seu caminho sem pensar se será o que os outros escolheriam. Libertação é a alegria da alma, é sentir que o coração fluí de sentimentos por nós e pelos outros. É agir e actuar no palco da vida sem medo de julgamentos alheios. Libertação é dar sem esperar algo em troca. É amar e viver desprendidos de orgulho, de medos infundados, é ter humildade de pedir perdão e a sensibilidade de saber perdoar. É saber aceitar sem mágoas o que não se pode mudar, porque a vida não tem uma bitola feita à nossa medida.
Eu, tento todos os dias dar mais um passo a caminho da minha libertação.
Vou deixando escorrer e escapar entre os meus dedos, aquilo que sinto, aquilo que sou, na esperança de estar transmitindo algo que há muito deixou de ser só meu. Deixo que desagúe até vós, este rio de palavras que talvez nem sempre seja entendida na sua totalidade, mas deixei de me importar com isso. Baseio-me apenas em deixar que a seiva da palavra siga o caminho que Deus quer e toque a quem tiver que tocar.
Esta é a verdadeira libertação da alma, do coração, do espírito.
Fiquem com Deus!
Dulce Gomes