"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

domingo, 29 de agosto de 2010

QUEBRANDO CORRENTES


 

Quanto mais avanço mais perguntas me faço e consequentemente mais exijo de mim.
Tenho medo de errar! Não só nos actos mas também nos pensamentos e julgamentos. Essa postura leva-me a que diversas vezes tropece nas minhas incertezas em relação ao que é e não parece e ao que parece mas não é.
Não tenho a capacidade nem o discernimento de ver a verdade em cada atitude ou acção nem tampouco a destreza de dizer tudo o que penso, mas para agravar tudo isto acrescento uma boa dose de culpa e arrependimento quando tenho a coragem de o fazer...
Para resumir: seja qual for que seja a minha atitude em relação a algo, nunca é isento de batidas aceleradas que me provocam sentimentos controversos. São nesses momentos, mas não só, que olho Jesus e lhe peço que escreva no meu coração a verdade e que me dê de forma inequívoca a certeza para o meu dilema. Nunca fico sem resposta. Jesus vem em meu auxílio através da Sua palavra, que pode chegar até mim de várias maneiras e que me induz a tomar a atitude escolhida por Ele. Quando assim acontece vem munida de tal certeza que dissipa qualquer dúvida. Mas até mesmo nessa confirmação se levanta um último ponto: nem sempre o que Deus quer de nós é a nossa primeira escolha (que quase sempre é a mais cómoda), nem sempre o que nos dá como resposta está em consonância com a leitura por nós feita. Neste “confronto” Deus induz-nos ao arrojo nos nossos actos, nas nossas palavras, de forma a intervir prevalecendo a Sua vontade. Incita-nos a ser as Suas mãos, a pregar a Sua palavra e a cumprir na íntegra o plano que desenhou para nós.
Jesus disse: Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz mas a espada. Mt10,34.
Durante muito tempo não entendi estas palavras. Hoje entendo! Jesus veio desinstalar-nos no intuito de nos incitar a quebrar as nossas correntes e segui-Lo. Convida-nos a assumir um compromisso ainda que para isso tenhamos que enfrentar um caminho recheado de tribulações e renúncias dos nossos hábitos e vontades. É o desembainhar da espada! Que ressalta quando temos que tomar uma posição firme embora difícil e contra a corrente que se nos apresenta. Mas que quando Deus nos enche de certeza, dá-nos em vez de uma felicidade efémera uma paz duradoura e consistente, enchendo-nos o coração de tranquilidade, libertando-o das amarras a que está sujeito quando nós não nos assumimos. Seguir Jesus, implica continuar, ainda que a progressão seja feita de avanços e recuos, provações,dúvidas ou certezas.
Tudo é devidamente compensado por Aquele que nos ama de forma incondicional: Jesus!

Obrigado Senhor!

Dulce Gomes

terça-feira, 24 de agosto de 2010

COMO PROMETIDO...

O TORA



Tal como foi prometido por mim aqui está a apresentação formal do novo membro da família. Chama-se Tora. Qualquer semelhança com um gremlim ou um E.T. é pura coincidência. É abastado de orelhas mas para compensar é isento de pêlos, o que considero uma vantagem porque não faz alergias.
A fim de não ferir a sua sensibilidade peço contenção no conteúdo dos vossos comentários porque há a hipótese de como retaliação ele vos aparecer, assombrando os vossos sonhos. Já me estava esquecendo de dizer... é um GATO! Foi uma aquisição com o propósito de fazer companhia à Himé, mas...são quase como o cão e o gato. Resultado? A Himé está passando férias na minha casa para evitar os stresses entre os dois. Quem ficou a ganhar fui eu:)
Digam lá se não formam um casal lindo?

Dulce Gomes

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"PLANO B"

DE REGRESSO

Num intervalo de doze dias andámos por aí (eu e o meu marido) à descoberta. Partimos de carro numa viagem há muito alinhavada e com objectivos bem definidos: chegar até à Suíça e pelo meio subirmos os Alpes e os Pirenéus. Ele de bicicleta e eu de carro, claro.
As malas foram feitas quase à última hora, porque, julgava eu, esta viagem não tinha vindo na altura mais propícia para mim. Estava tão bem no meu silêncio, num silêncio cúmplice, profundo e tão intimista onde por momentos deixa de existir matéria restando apenas a essência. Silêncio que sempre me transporta muito para além do explicável ou entendível e a que chamo “encontro”.
Encontro com Jesus!
Foi com este estado de espírito que com grande esforço me desarradei para o reboliço da pré-viagem. Questionei-me até: para quê esta retirada? Receei não ser uma boa companhia e que a viagem fosse uma barreira, um travão para a continuação deste estado de alma. Mas confiando que tudo tem um propósito entreguei tudo em Suas mãos.
Neste contraste de vontades, lá partimos.
Hoje, fazendo um balanço destes dias cheguei à mesma conclusão de sempre: Deus é bom e sabe bem melhor do que nós quais as nossas prioridades.
Há fases em que nos deixamos absorver por tudo e todos. São os desafios, as tribulações, o dispêndio de querer estar sempre no sítio certo com a atitude e a palavra certa, o receio de falhar... Tudo isto são metas a que nos propomos mas que se não fizermos uma boa gestão delas somos engolidos pelas mesmas. Quando nos apercebemos estamos sem força anímica para conseguir sair do buraco onde caímos. Só com o auxílio de Deus nos erguemos de novo e sinto que esta retirada foi a continuação de todo um plano minucioso e estratégico que Ele me preparou. Uma espécie de “plano B”.
Nem sempre conseguimos alcançar a grandiosidade das dádivas que Deus nos dá e a rotina faz o resto quando teima em esbatê-las impiedosamente, reduzindo a nossa atenção para com elas. Todas as plantas precisam de cuidados permanentes, mas temos a tendência para quando as vemos bem enraizadas descurar a sua rega achando que nunca morrem. Podem não morrer mas ficam estioladas pela falta de cuidados.
Estes dias foram acima de tudo preenchidos de paz e serenidade. E aquele receio de esta viagem se revelasse um travão ao meu estado de alma era infundado porque agora percebo que a segunda parte do plano não era só para mim, mas também para um dos maiores tesouros que tenho: o meu marido.
Obrigado meu Senhor!


TÃO PERTO DO CÉU

 
 
 
 

Pic Aiguille du midi (Chamonix, França)

Dulce Gomes

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

TRAVESSIA DESÉRTICA


Estou...
Algures, entre a linha ténue que me separa da realidade e a entranhada e enigmática vontade de aprofundar o meu eu e Tu, Jesus.
Estou por aí...na leveza que me eleva com uma facilidade quase surreal, trazendo um desassossego que me é familiar e que começa sempre com um vazio preenchido de coisa nenhuma. É nesse ponto exacto que estagno porque esbarro na minha pequenez perante Ti. É nesse ponto que reconheço que deixei ressecar tudo o que me dás.
Nesse desértico sentir, acrescentaste o deserto das palavras que deixaram de fluir. Apagaste-as, quando num remoinho as dispersaste como folhas ao vento. Sobraram apenas as frases que o meu cérebro já decorou à muito para Te pedir socorro e os estilhaços resultantes dos meus sentimentos que se fragmentam pela incapacidade de os expressar, fugazes, mas tão doridos pela incerteza e pelo fraco discernimento que tenho da Tua Palavra,  até Aquela que eu julgava entender Senhor.
Nesta travessia, sei que Tu estás comigo. Porém, não consigo sentir-Te nem ver-Te. A certa altura, é lançado no meu caminho uma nuvem de poeira que se eleva como uma muralha, não me deixando enxergar.
Eu estou...Tu estás...Tu vês-me, mas eu não Te vejo...
Essa tempestade  interior, não são mais que os detritos que vou acumulando dentro de mim sem o cuidado de os sacudir, então deixo-me inundar até que transborda. Neste processo, obrigas-me a olhar cada grãozinho de pó entranhado, a pegá-los, a desfazê-los...
São tantos Senhor...
Mas sabes meu Jesus, a travessia está chegando ao fim. Mandaste em meu auxílio os Teus anjos. Ainda que inerte, senti-lhes todos os "passos". Deixei de resistir e a fragilidade/fraqueza engrandeceu, entre as trevas brilhou uma luz: a Tua meu amigo!
A esta entrega Senhor, chamas humildade. Essa palavra que se torna para mim um espinho pela dificuldade que sabes que tenho para lidar com ela. Tomo-a tão a peito quando estou na posição de me dar e volto-lhe as costas quando preciso receber. Senhor...este orgulho que teima em fechar as minhas mãos a outras que se dispõem, este orgulho, que apesar de lhe conhecer as consequências teimo em não superá-lo...
Perdoa-me Senhor, sei que Te decepciono tanto...
Quando insisto em lamber as minhas feridas e nem as mostro para que ninguém ouse tocá-las. Perdoa-me Senhor, se no meio do meu caminho só me habituei a ser a rocha onde poisam as aves para descansar dos vendavais, esquecendo que também sou ave, as minhas asas também se cansam e precisam dum rochedo para se que restaurem. E Tu Senhor, pões à minha disposição um mar de rochedos plantados por Ti...

Obrigado Senhor!

Dulce Gomes

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FORÇA LUZENTE



Que não se calem os silêncios que me falam
Em palavras sonantes que não digo
Onde as minhas mãos predestinadas, embalam
Traindo os segredos que trago comigo.

Que não se vá esta força luzente
Que me despe das vestes onde me escondo
E pondo a nu, o que não olho de frente
Me expõe a verdade sobre a qual, tombo.

Que não se extinga a penumbra da noite
Nem a lua, as estrelas, no céu gravadas.
Nem o deslizar das nuvens que num açoite
Enchem a minha noite de cores ensolaradas.

Que não se perca em mim por mais que doa
O saber abraçar tudo o que magoa
Ou a capacidade de verter uma lágrima contida.

Que não se perca em mim a vontade de sorrir
De olhar o sol, de amar, ou apenas ir
À luta, em todas as curvas da vida.

Dulce Gomes