Pouco importa o que me levou a falar sobre este tema, importa sim a reflexão que venho fazendo sobre ele.
Vivemos numa sociedade de olhos postos no relógio, sempre lutando contra as horas para honrar compromissos. Estamos correndo cada vez mais o risco, de nos tornarmos egoístas e amantes do próprio umbigo. O tempo não sobra e o leque de preocupações é centrado apenas nos que amamos e pouco mais.
E os outros? Aqueles que pelas circunstâncias da vida se sentem sós, incompreendidos e sem uma palavra de estímulo? Quem os escuta? Quem é capaz de dispor de uns minutos do seu tempo para escutar? E o que é isto de “escutar”?
Sei que todos estarão pensando, escutar é ouvir. Pois é! Mas não só! Para se escutar verdadeiramente, tem que haver uma entrega ao problema do irmão que nos fala e tentar entender a dimensão do mesmo aos seus olhos e o quanto isso o faz sofrer. Se a pessoa não está bem ou não está conseguindo lidar com o que lhe dói, amplifica-os, sofre com isso e não tem culpa. Podemos até chegar à conclusão que temos alguns nossos pendentes, bem maiores do que os que escutamos e aí torna-se difícil a escuta porque o nosso lado mais egoista vem em nossa defesa numa tentativa de sobrevalorizar apenas o que é nosso. Quando isso acontece, temos que escutar aquela pessoa, o mais aproximado à forma como Jesus nos ouve. Quantas vezes, não estaremos nós pedindo coisas sem importância mas que à luz da nossa perspectiva é prioritário? Se Jesus agisse medindo os problemas de cada um ao centímetro, quantas vezes ficaríamos sem resposta? Quantas vezes não levantamos a nossa voz para fazer pedidos tão banais, porque não dizer fúteis, que se nos dermos ao trabalho de compará-los com outros, coramos de vergonha. No entanto, nós erguemos os braços para pedir, mas Jesus, sabe ler o nosso coração e porque é bom e misericordioso, atende-nos.
É esta a atitude que eu quero ter para quem precisa dos meus ouvidos.
Como ser humano, sou fraca e nem sempre o consigo fazer como deveria... mas por vezes escuto, escuto…e quando chego à minha casa, muito embora tenha escutado problemas menores que os meus, sinto-me tão feliz que minimizo o que me preocupa. E louvo a Jesus por ter sido os seus ouvidos, a mão que se estendeu, o abraço que reconforta. Nem sempre é preciso falar, mas temos que aprender cada vez mais a “escutar”.
Dulce
Acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para a glória de Deus.
Romanos15,7