Coração porque me atraiçoas e não fazes o que eu mando?
Eu ordeno e tu ignoras, até quando?
Nestes anos de convivência julguei-te dominado,
achei que a nossa coexistência, se tinha por fim, equilibrado.
Julguei-nos dupla perfeita, em perfeita simbiose,
mas tu meu coração, meu eterno obstinado
estás sempre em mutação, em inconstante metamorfose.
Tu até sabes o que eu quero, o que com paciência de ti espero...
Que sejas brando a julgar, mas veloz a perdoar,
que não te revoltes nem esmoreças,
se te decepcionam, quero que esqueças.
Que sejas justo, complacente e não castigador,
isento de ódio, vaidade ou rancor.
Quero que a humildade e a sensatez te domine,
que prevaleça o amor, percas a altivez
e deixes que a vida te ensine...
Mas sê imparcial quando julgares o meu "Eu"
não te inibas nem te acobardes por seres meu.
Porque minha boca nem sempre é fiel ao que sentes
e meus sentimentos nem sempre são transparentes,
corrige os meus erros, eu corrijo os teus.
E em final de jornada se notares a minha ausência,
é porque algures no caminho, eu perdi a minha essência.
Aí meu amigo, não avances. Espera por mim.
Afinal são décadas de existência.
Iremos juntos até ao fim!
Dulce Gomes
(Para ti sobrinha linda, que o meu coração adora!)