"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

SERÁ QUE SOU MÃE GALINHA?

Ser mãe à distância é deveras muito duro e dói que se farta.
Eu sou uma delas! Há oito anos que sei do que falo.

Mas apesar da experiência já ser longa continuo igualzinha. A única coisa que mudou é que aprendi a simular, a fazer-me forte, mas cá por dentro muito francamente continuo a sentir um bater acelerado quando oiço o telefone fora de horas, a sentir um aperto no coração que tem a ver com o timbre da sua voz ( que já conheço de cor ) e quase desfaleço quando ela está mal. Mas o pior são os pressentimentos. Aqueles que me assaltam como uma certeza e que infelizmente quase nunca são em vão. Quem diz que “Olhos que não vêem, coração que não sente”. Sente pois e pressente!
Ah, ser mãe é duro mesmo! Cheguei à conclusão que tudo isto são efeitos dum sindrome: " O de mãe galinha"!
Hoje acordei e fiquei pensando na minha menina, quando chegava triste por qualquer motivo e dava largas ao que sentia chorando e eu, forte que nem rochedo, punha um ar de leveza, abria as minhas asas e aconchegava-a debaixo delas. Só a deixava ir quando já tinha um sorriso no rosto inchado de chorar. Era nesse ponto, quando a soltava, que eu desgastada me retirava para me restaurar.
E hoje? O que é que mudou? Nada! Apenas o facto de, quando ela estala os dedos, esta mãe galinha abre as asas, faz um vôo rasante pela estrada fora e só descansa quando sente a sua cria aninhada no aconchego das suas penas.
Será que sou mãe galinha?

Dulce Gomes



terça-feira, 27 de outubro de 2009

DIAMANTE


Saberei eu viver?

Se viver é aceitar tudo o que a vida me trás
talvez o saiba fazer, porque ainda que doa
aceito sem revolta, até o que não me apraz.
Recebo-o como um presente, inconclusivo, inconsistente…
Amargo? Também!

Por isso me obrigo, não como um castigo, mas para aprender,
que se por cá quero ficar
tenho que me moldar às voltas que a vida têm.
E pelo meio ser feliz, amar e até fazer o bem...
Filosofia dirão, não questiono essa afirmação,
mas vou mais adiante.
Viver é esculpir um diamante em bruto

com um poder quase absoluto
E risco de mutilá-lo.
Estou polindo esta obra, ela a mim nada me cobra
mas se não o fizer quem vai olhá-lo?

Dulce Gomes


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

REGRA DE OURO




Às vezes sinto-me desajustada!
Há alturas e fases em que sinto que o mundo em que vivo me oprime, comprime e me entala como que numa prensa. Nesses momentos sinto que me falta o ar e invade-me, sem conseguir evitar, uma tristeza imensa que não controlo.
Entristece-me a hipócrisia, a mentira, os faz-de-conta, os atropelos incontrolados que tem como objectivo atingir os fins sem olhar a meios. Decepcionam-me atitudes e sobretudo, decepciono-me comigo por nem sempre ter a perspicácia de antever as coisas.

Olho-me e pergunto-me se ainda tenho idade para ser ingénua. Repreendo-me. Chamo-me parva e prometo-me que vou estar mais atenta e não voltar a cair no mesmo erro.
Só que, quando tal acontece caio numa apatia onde parece nada fazer sentido em mim e acho que estou simplesmente remando contra uma forte maré, sem conseguir avançar no caminho que tracei ou que Deus traçou para mim, quiçá... Resumindo, sinto-me nula e sem utilidade. Era este o meu estado de espírito até à bocado.
Acontece que quando estou assim caída e sem ânimo, há sempre algo que me transcende e que eu não procuro, mas que vem ao meu encontro para me erguer. Eu estava vazia e agora estou cheia de alegria, porque uma amiga que está a passar uma fase menos boa e com a qual eu tenho trocado alguns mailes numa tentativa de a ajudar, deu notícias e me disse que se sente melhor e que está a conseguir sair da tristeza em que caiu. Por momentos fiquei simplesmente dando graças a Deus, louvando Jesus e a Sua Mãe Maria Santíssima pela graça concedida, porque tantas vezes Os invoquei a pedir ajuda para ela.
E se há pouco estava de rastos, agora sinto que o meu peito quase explode de alegria.
São estas as maravilhas da vida quando a vivemos com Deus no coração. Pequenas coisas? Sim! Mas são as pequenas coisas que nos dão mais felicidade.
Obrigado meu Deus por habitares no meu coração, por vires em socorro de quem precisa, por me levantares quando caio.
Faz de mim, não aquilo que eu penso que quero, mas sim o que Tu queres.


Como seria bom se todos seguíssemos esta regra de ouro.
("Regra de ouro"-« Tudo o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles. Pois nisso consiste a Lei dos Profetas».)
Mateus7,12




segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O TERÇO

Em homenagem à Nossa Mãe do céu! Tantas vezes desacreditada e sobre a qual se dizem tantas barbaridades...
Virgem Mãe perdoa-lhes!

Ao ser crucificado Jesus disse: « Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!»
Lucas23,34



Para escutar desligue o som na barra em cima.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ÀS VEZES...

Às vezes...

Sou peixe fora de água que com esforço respira,
sou flor isolada que de triste quase morre,
sou boca amordaçada que aos poucos expira
que de tão acorrentada solta o pensamento e corre.

E aí, sou eu em cada palavra que escrevo
sou eu, quando junto a Ti Jesus me entrego
e me fazes voar nas asas de um anjo.
Transpiro verdade em tudo o digo
na Tua presença, meu ombro amigo
sinto-me criança e alegria esbanjo.

É então que tudo acontece.
A minha boca ensaia uma prece
soam cânticos de alegria.
Entre feliz e extasiada,
já não me sinto acorrentada
estou forte para mais um dia.

Dulce gomes

(Eu clamo a ti, porque me respondes, ó Deus!
Inclina para mim o teu ouvido, ouve a minha palavra,
manifesta a maravilha do teu amor,
Tu que salvas dos agressores
os que se refugiam à Tua direita.
Guarda-me como a pupila dos teus olhos,
esconde-me à sombra das tuas asas
longe dos justos que me oprimem,
dos inimigos mortais que me cercam.
Salmo17,6-8



quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A IMÉ



A Imé está a passar uns dias em minha casa porque a dona(a minha filhota) vai passear até Londres. É uma gatinha diferente porque como já devem ter reparado não quase pêlo nenhum, normal da sua raça (sphynx), mas conhecida por ser uma raça dócil e o mais parecido com um cão. E não é que é verdade? Anda atrás de mim para todo o lado e hoje dei-lhe um banhito de espuma. Ficou uma fofura macia como camurça. Tenho quase a certeza que a sua estadia me vai saber a pouco...

Digam lá se não é uma gracinha??? Não digam que é feia!


terça-feira, 13 de outubro de 2009

PELA TUA MÃO



Pela tua mão,
                    Continuo firme e confiante. 
Sorvo cada instante, como um sopro de vida. 
Sou alma incontida, 
que te segue cegamente, serena e mansa, 
plena de confiança em ti, Virgem Mãe. 
E ainda que sinta dor… 
Mãe eu te entrego: 
Meus pés torturados pelo caminho, 
meus olhos molhados de emoção 
meu coração cravado de espinhos 
uns são meus, outros não! 
Entrego-te: O que não evito. 
As provações que não ultrapasso. 
Entrego tudo o que omito 
para seguir ao teu compasso. 
Sei que entendes cada falha. 
Teu amor é acendalha 
que põe fogo no meu peito, 
por isso continuo, confio e não recuo. 
Tua mão se estendeu… 
E eu, disse: “Sim aceito!”


Dulce Gomes

(Hoje, inevitavelmente, tenho Nossa Senhora no meu pensamento duma maneira mais profunda. Recordo os passos que dou até ao Seu Santuário todos os anos no mês de Maio e dá-me uma saudade enorme de pôr os meus pés ao caminho...Obrigado MÃE pelas vezes que me preparaste as veredas para que tal acontecesse. Rezo e espero que em Maio ninguém falte a essa chamada que nos fazes, mas sim que mais pés se juntem e pela tua mão sigamos até JESUS).



sexta-feira, 9 de outubro de 2009

OUTONO



Corre em minhas veias
a sonante melodia do mar.
A caricia da brisa suave e fresca
que me embala num murmurar.

Corre em minhas veias
entrelaçadas na bruma,
as ondas, que aos poucos
se desfazem em fina espuma.
Corre em minhas veias
sempre tudo e coisa nenhuma.

Corre em minhas veias…
O raiar do sol despontando o amanhecer,
uma folha seca num pronúncio de mudança,
a chuva, que num vagaroso humedecer
molha a terra num renovar de esperança.

Corre em minhas veias…
O perfume das flores, a diversidade de cores
num renascer constante.
Corre a noite que sem pressa se estende
e de lamparinas se acende
enfeitada p`la lua, crua, diamante.

Ah, como minh`alma se prende
e se rende a estes rituais...
Porque sobe a pulsação nesta plena comunhão
se são coisas, simplesmente banais…

Corre em minhas veias...
O latejar. Da minha essência poesia
Fluindo em fantasia num melancólico abandono.
É a festa da vida, o meu pulsar
é minh`alma a extravasar
o ciclo de um novo Outono…



Dulce Gomes


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MARIA



Humildade do coração de Maria
enche o meu coração
com os Teus sentimentos.
Ensina-me, como ensinas-Te Jesus
a ser manso e humilde de coraçao.

Silêncio de Maria
ensina-me como posso conservar
Contigo e como Tu, "Todas estas coisas"
que dizem respeito ao Teu Jesus.

Solicitude de Maria
ajuda-me a socorrer com amor
a doar com prontidão
a anunciar com alegria.


Madre Teresa de Calcutá

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O ALMIRANTE DAS HISTÓRIAS

O ALMIRANTE DAS HISTÓRIAS
É O MEU PAI!


Uma foto do mar de Sines que ele tanto ama.


Esta alcunha foi-lhe dada por um filho da terra que escreve artigos para um jornal de Sines e o qual, depois de lhe descobrir a faceta de contador de histórias, o entrevistou algumas vezes e as narrou fielmente.

Todas as que conta são verídicas, sendo a maior parte retalhos da sua dura e traumatizante vida. Quem o escuta depressa se prende às palavras que emprega às quais junta os seus típicos gestos e a sensibilidade que o caracteriza, o que por vezes o obriga a interromper, ora porque a voz se embarga ou para limpar uma lagrimazita teimosa. Cada história é um brinde de sabedoria que nos transportam sempre numa viagem empolgante que nos dá um suspenso desejo de ouvir o capítulo seguinte. É um recuar gostoso no tempo fazendo com que, quem o escuta, quase se sinta protagonista dum filme de acção interessante onde ansiamos o desfecho.
Porém a história mais impressionante é a sua! Um menino que nasceu duma família extremamente pobre, primeiro filho duma relação que nunca teve pernas para andar e da qual, pouco tempo depois nascia uma irmã (irmã que só viu de novo vinte anos mais tarde e depois duma busca incessante). A mãe, farta de ser maltratada pelo marido, uma pessoa violenta e doente do foro psicológico, abandonou a casa levando a sua irmã e deixando para trás o meu pai então com dois anos, entregue à sua má sorte. Esse foi o trauma que nunca ultrapassou, o porquê da mãe ter escolhido só um. Seria aqui o ínicio do seu calvário de sofrimento. Num cenário de maus-tratos e trabalho precoce, a única coisa boa foi uma madrasta que o trataria sempre como se fosse sua mãe, mas que passou a ser mais uma vítima e à qual, ele se sentia na obrigação de proteger. Depressa aprendeu o quanto a vida lhe tinha virado as costas e depressa aprendeu que, se queria subsistir teria que contar só com ele. Assim, aprendeu a desenrascar-se para arranjar comida e para lidar com aquele pai que o chamava até junto dele e sem razão aparente o maltratava com um pau. Os pormenores são muitos e nem vale a pena enumerá-los. Mas perguntar-se-ão em que adulto se tornou? E que pai foi e é ele? Tão mal-formado, mal tratado e cheio de traumas de infância…que transportou ele para a sua vida futura? Eu digo-lhes! Foi e é o melhor pai do mundo. Amigo, meigo e sensível (apesar da rudeza duma vida ligada ao mar). E um cúmplice companheiro. Um pai que apesar de ter três filhas para criar e uma mulher (minha mãe) com problemas de saúde, nunca desarmou o sorriso, um mimo, uma palavra para nós. Mesmo quando chegava do mar quase de rastos da faina e o cansaço quase o vencia, tinha sempre tempo para nos mimar. Na minha infância lembro dos lanches de domingo com sumo e bolo numa pastelaria no centro da vila (isto quando conseguia pôr de parte algum dinheirinho), na adolescência recordo como aos sábados arranjava sempre tempo para uma ida ao cinema, as vezes em que cansado fazia um esforço para me levar ao baile, mas principalmente as longas conversas que ele tinha comigo para me fazer ver o seu certo e sensato ponto de vista. Empregava palavras cuidadosamente escolhidas e dava-lhes uma ênfase adequada a cada situação, tudo isto apimentado com uma enorme dose de amor e equilíbrio. Somos o seu maior orgulho. Quando fala de nós, suas filhas, os seus olhos pequeninos rasam-se de lágrimas de emoção. Com a mesma emoção te digo:
-“Obrigado pai por seres como és”
Dulce Gomes
(Obrigado pai por todos os valores que nos transmitiste. Obrigado por teres sido o pai que querias ter tido. Obrigado por fazeres de nós, tuas filhas, as pessoas que somos).

sábado, 3 de outubro de 2009

OBRIGADO RENINHA

A Reninha do blog "O Senhor cuida de nós" deu-me a alegria de oferecer ao " Degrau de Silêncio" este selinho.
Obrigado amiga por ter escolhido este humilde cantinho. Tudo farei para o merecer.


Regras:
A) Publicar o selo e indicar o blog que o repassou
B) 10 palavras que qualifiquem seu blog
C) Repassar o selo para 10 blogs show que você conhece e avisá-los!
O Degrau de Silêncio oferece aos seguintes blogues amigos:
Pedem-me para qualificar o meu blog com dez palavras. Depois de várias tentativas escolhi estas: Partilha, fé, amor, família, união, amizade, comunidade, oração, entre-ajuda, Deus pai.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

SABOREAI E VEDE COMO O SENHOR É BOM...


No rescaldo destes dias em que a cabeça andou às voltas, serenei!
Agora de cabeça fria, chego à conclusão que no meio desta onda tsunamica (esta palavra não existe mas apetece-me escrevê-la) e depois de várias interpelações a Jesus, o que sobrou e retenho é um saldo positivo.
Hoje acordei feliz! Abri o meu blog e fiz a ronda habitual. No “ Mar com sabor a canela” um testemunho lindo e profundo de tudo o que se sente quando estamos ao dispor: a vontade de missionar, a frustração das coisas não acontecerem quando e como queria e depois o rejubilar de alegria quando Deus lhe fala e lhe dá forças para continuar.
Continuei e no “Uma rota diferente” li o salmo 23 onde nos é dada esta palavra: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”.
Passei aos comentários das várias postagens e enchi o peito de alegria com as palavras deixadas por cada amiga (incluindo o da minha mana Isabel) que também faz a ronda assim como eu. A Teresa deixou-me uma oração. “A dor da saudade” deixa o desejo que o dia seja abençoado.
E eu confesso-lhes que está sendo.
Porque hoje fez-se luz no meu espírito e sinto na alma esta frase: "Saboreai e vede como o Senhor é bom”.
Mas há uma frase da “Mãos dadas”, que li algures num comentário dela, que eu quero partilhar: « Se queremos ajudar, temos que tentar ser pedra lisa, onde bate e sai e não uma esponja que tudo absorve». Fiquei pensando que é mesmo assim. Quantas vezes desejo ter um maior controle dos meus sentimentos em determinadas situações...e peço a Deus a força para manter um pouco a distância para que eu possa estar à altura de...
É que muitas vezes sinto que fico vazia e sem nada para dar. Cá está o "absorver tudo e não ser pedra lisa".
Mas também sei que o Senhor olha pelas nossas fraquezas e faz delas fortalezas para nos guiar pelos seus caminhos, só temos que entregar-lhe tudo.
Ontem pedi ao Senhor discernimento e Ele veio em meu auxílio. Fez-me entender que o caminho é este, simplesmente, como me disse a Teresa, tenho que aceitar o que não posso mudar e tentar ser mais impermeável.
Eu raramente oiço rádio, mas ontem estava esperando a minha filha para almoçar e liguei-o.
Leiam o que ouvi:
Era uma vez um Mestre que estava com um seu aprendiz à beira do lago.
Ambos repararam que estava lá dentro um escorpião lutando para não se afogar. O Mestre, de imediato, lhe jogou a mão para o salvar mas foi picado. Fez nova tentativa e foi de picado de novo. O aprendiz sem entender tamanha teimosia disse-lhe:
- «Mestre, então não vê que o bicho vai sempre picá-lo cada vez que o tentar salvar?»
O Mestre calmamente disse-lhe:
- «A natureza dele é para picar, mas a minha é para salvar!»
Com a mesma serenidade pegou do chão uma folha seca, pô-la por debaixo do escorpião, tirou-o da água e deixou-o ir são e salvo.
Quando acabei de escutar tomei-a como lição. Apaguei o rádio e em silêncio reflecti e cantei baixinho o salmo:
Saboreai e vede como o Senhor é bom...

Dulce Gomes

(UM BEIJINHO PARA TODAS)