Sinto-me viva quando afago as
palavras que me povoam e me permito escutar-lhes a melodia.
Sinto-me viva quando entrego o que
sou e sinto numa simbiose (quase) perfeita que me faz sucumbir de alegria…
Sinto-me viva quando carrego a
esperança nas palmas das mãos através de gestos espontâneos que falam por mim…
Sinto-me viva quando as pontas dos
meus dedos são motores de busca devorando os restos do tormento que parecia não
ter fim.
Sinto-me viva quando me falta o pé
na maré alta dos mares revoltos, para de seguida pisar terra firme…
Sinto-me viva quando suborno o verso
doído e o transformo em algo sublime.
Sinto-me viva quando a vida me desinstala,
me incomoda, me fala…
Quando me faz cair para me erguer.
Quando me desconstrói para voltar a
construir…
Quando me perco e algo superior a
mim me diz por onde seguir…
Sinto-me viva…
Porque este viver ultrapassa esta
vida
e vou existir muito para além do meu
morrer…
Dulce Gomes