"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CONTRASTES DA VIDA


É constante a colisão com os contrastes. Quanto mais atentos estivermos a eles, maior será o impacto.
Por imposição da minha vida acabo o ano assim mesmo: colidindo com os contrastes!
A nossa progressão faz lembrar uma viagem com vários apeadeiros, onde saltamos de estação para apanhar o próximo comboio.
Estou no trem da meia-idade e trago na bagagem vivências acumuladas e recheadas de contrastes que não descarto, sob pena de deles necessitar como exemplo futuro para mim e para os outros.
Esta etapa intermédia tem o seu quê de confortável…
Dou-me ao luxo de mirar a janela da vida com um sorriso, de antever situações, advertir os mais novos, acompanhá-los nos seus sonhos e ser também eu, figurante deles. Mas também me acresce de responsabilidades e deveres...
A experiência deu-me traquejo e muniu-me de alguns antídotos que me defendem de determinadas situações que não desejo, mas deparo-me com outras para as quais não tenho capacidade para contornar ou dar resposta imediata. Como todo o percurso intermédio, há o antes e o depois, e se por um lado sou espelho onde os jovens se podem reflectir supostamente para tirar ilacções, por outro revejo-me naqueles que já apanharam o último comboio. Na recta final, eles são o confronto com o meu provável futuro e por mais que contraponha com os argumentos da incerteza e me agarre firmemente à confiança que deposito em Deus, não fico isenta daquela sensação de “friozinho no estômago “ que me deixa um travo amargo em relação ao desconhecido.
São estes os contrastes do meu presente!
Paralela a esta subtileza evasiva de sentimentos que não contorno, sou confrontada com a necessidade e obrigação de ter que fazer, de me dar e doar. De estar à altura para receber, aparar os estilhaços e minimizar os estragos do que colide contra mim. Contrastes que levam a que tenha que me desdobrar, saltando de carruagem conforme as necessidades.

Se por um lado vibro e dou graças pela brisa fresca trazida pelos mais novos, por outro quase me apago ao ver a degradação a que um ser humano pode estar sujeito e a consequente tristeza para onde a mesma os atira impiedosamente. Quem fica indiferente? Quem não se deixará arrastar por esta corrente tanto mais vertiginosa quanto mais se aproxima do seu final? 

E são estes contrastes que me levam a pedir a Deus que me dote de sentimentos de piedade e de amor para me capacitar ao cumprimento do que me estiver destinado. Mas que o faça com alegria e não com um arrastado pesar. Porque é fácil recuar, viver e partilhar da alegria de quem tem ainda muitas carruagens para apanhar, mas muito difícil saltar à frente, ver e acompanhar a última viagem daqueles que amamos e que de nós dependem para que a mesma seja menos dolorosa e feita com mais dignidade.

Não sei o que irei encontrar quando me apear nem como será o meu próximo trajecto. Sei no entanto, que aqui e agora é urgente ter os pés firmes e uma mão auxiliadora na carruagem de trás e outra na da frente, mas ter dois braços abertos para abraçar todos ao mesmo tempo.
Para levar esta missão até ao fim, conto com um Amigo que não falha. Aquele que ao contrário de mim não hesita em descer do Seu pedestral para me confortar e abraçar.
Obrigada meu Amigo Jesus, por todas as paisagens que já me mostraste ao longo da minha viagem.
Obrigada quando me fizeste recuar ou avançar.
Obrigada pelas nuvens escuras que pairaram no meu trajecto, porque elas mostraram quão importante é a Tua Luz.
Obrigada pelos sinais que foste deixando como pontos de referência para que não me perdesse.
Obrigada Jesus pela vida que renasce a cada novo dia. Plenos de constrates que não são mais que degraus que me fazem progredir na viagem que me ofertaste como dádiva. 

Dulce Gomes

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

EU SOU O NATAL! ACREDITA!


Faz silêncio e medita…
É Natal! Acredita!
Dias de luz, cor e sonhos sem limites
De paz e amor, partilha e fraternidade
E a visita dum sentimento que me rasga por dentro:
A saudade!
Mas esse sentir, eu rejeito porque dói demais.
Tem o condão de me abrasar o peito
e de me arrastar a eito para o centro dos vendavais...
Mas dizia eu: É Natal!
Mãos cheias de compras, pressa, agitação
Respira-se no ar o desejo de camuflar a solidão
De esquecer e ser feliz
Ou até recuar no tempo e voltar a ser petiz.
Mas, que Natal?
Olhando para o lado alguém dorme no chão…
Numa cama de sacos, roupa de buracos
E mantas de papelão
Com o frio lhes sugando a alma
Soltam entre soluços pedaços de ilusão…
Mas tenhamos calma…É Natal!
Tempo de sorrisos e simpatia
Um lar quente, aconchego e fartura
E muita magia no ar iluminando a noite escura.
E aos poucos este efémero fulgor
Adormece e quase se esquece a cor amarga da dor
Mas é Natal!?
Então e os que não têm lar e vagueiam perdidos
 sem terem para onde ir?
Tão iguais e tão diferentes, esquecidos por toda a gente, sem forças nem meios para subsistir?
E os que estendem os braços
E não acham outros para enlaçar…
Os idosos de mãos trémulas e olhar vago
Implorando por um afago que tarda em chegar…
E as crianças sem um brinquedo
Amadurecidas à força pelo medo
De quem lhes rouba o direito de sonhar.
Ai é Natal…
São as guerras, o ódio o rancor
Contrastando com a frenética euforia
E neste misto de frio e calor
Arrefeço num gelo que me paralisa e esfria…
Mas sim, é Natal!
Palavra que no seu sentido verdadeiro
Aquece o meu coração por inteiro
Trazendo ao mundo uma luz infinita
Essa luz é Jesus, nosso Salvador
Que escreve com letras de amor:
“Eu sou o Natal. Acredita!”


Para todos vocês, meus amigos e companheiros de caminho, quero desejar-vos um Natal cheio de Jesus. Só Ele é o verdadeiro Natal, a verdadeira Luz.
O meu maior desejo? Continuar de sandálias calçadas e caminhar, caminhar...

Dulce Gomes

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

24º DIA DE CAMINHADA (EU QUERO SER UM VASO NOVO)

"Tu és o nosso Pai; nós somos o barro, e Tu és o nosso oleiro; todos nós somos obra das Tuas mãos. Não fiques irado para sempre Senhor, nem Te recordes sempre da nossa culpa. Olha que somos o Teu povo." Isaías 64,7-8



O Senhor está próximo! Eis que chegaram os dias de ultimar os preparativos para receber Jesus. Aos poucos foi ressurgindo nos nossos espíritos a alegria, fruto dos nossos silêncios com Deus e das reflexões, que estabeleceram em nós uma proximidade maior com a Palavra, levando-nos a mergulhar num mar de amor que nos inunda de frescura e nos “mata” a sede da Sua presença.
A alegria cresce há medida que o tempo se esvai, mas é exactamente nesse tempo que centro a minha reflexão. Porque ainda há tempo para nos deixarmos moldar e limar arestas!

Reflictamos com Isaías no capítulo 58. Fala-nos sobre o verdadeiro jejum e não
 daquele que é praticado sem um compromisso com a vontade de Deus, mas sim para apressar bençãos.
Neste contra-senso, somos alertados para avaliarmos as nossas acções e quais os motivos que nos movem. 


"O jejum que Eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir o pão com quem passa fome, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente. Se fizeres isto, a tua luz brilhará como a aurora, as tuas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que praticas irá à tua frente e a glória do Senhor te acompanhará. Então clamarás, e o Senhor responderá; gritarás por socorro, e o Senhor responderá: «Estou aqui!»...V.6-9

Convido-vos a ler este capítulo na íntegra.
O Senhor para além de nos interpelar, leva-nos a um compromisso com a Sua vontade ao esclarecer sem rodeios o que quer de nós, ao mesmo tempo que nos comprova a Sua infinita bondade.
E são tantas as promessas que o Senhor nos faz... pede-nos tão pouco e dá-nos tanto...
Este excerto induz-nos à auto-questão: Que jejum faço? O que me move? Quem de nós não se reconhece ainda em falta com estas e outras vontades expressas por Deus? 
Por sua vez, quem não ficará receptivo a emendar-se, se para tal basta que nos entreguemos confiadamente em Suas mãos.
Sejamos maleáveis à Sua vontade e deixemo-nos moldar como barro nas mãos do oleiro. Tenhamos a ousadia de passar à acção. Façamos! Porque há tanto por fazer e o Senhor alegra-se em nós por tão pouco.
Quem ainda não experienciou a satisfação de dar? Todos nós já fomos a mão que se estendeu para alguém; nesse momento fomos a mão de Deus. Já fomos os braços num abraço; nesse momento fomos o abraço de Deus.
E cresce nos nosso corações uma alegria que nos dilata a alma e nos eleva em louvor e agradecimento. É a recompensa do Senhor para connosco. É o Senhor dizendo: «Estou aqui!»

Mas as Suas promessas não se esgotam aqui, vejamos:

"A tua luz brilhará nas trevas e a escuridão será para ti como a clareza do meio-dia; o Senhor será sempre o teu guia e dar-te-á fartura mesmo em terra deserta; fortificarás os teus ossos e serás como jardim irrigado, como nascente onde não falta a água; as tuas ruínas antigas serão reconstruídas, levantarás paredes em cima dos alicerces de tempos passados. Chamar-te-ão reparador de brechas e restaurador de casas em ruínas, onde se possa morar..."vers10-12

Se separarmos cada frase e meditarmos sobre cada uma delas, confirmamos que todas nos levam à salvação através da nossa aceitação ao plano de Deus. Basta para isso, que lhe respondamos afirmativamente. E constatamos quão grande é a Sua gratidão para com quem o segue e quanta grandeza vê o Senhor na nossa pequenez...
Peçamos ao Senhor que quebre as nossas correntes e nos acorrente apenas e só à Sua vontade!
Quase, quase a receber o nosso Salvador, vamos corrigir até os nossos menores erros para mais dignamente O receber. Façamos jejum de tudo o que O desagrada, ainda que para isso tenhamos que renunciar a nós mesmos.

Será que Isaías nos ajudou a tirar alguma pedra esquecida do nosso caminho?

Não? Então amanhã iremos à casa do Joaquim. Vamos ler um conto de Natal. Mais um dia, mais um passo, mais uma oportunidade para melhor aplainarmos o nosso caminho para recebermos o Senhor.
Ele está quase a chegar.

Dulce Gomes

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DE ONDE VEM A FORÇA DOS FRACOS?

Hoje, ao abrir a Bíblia, os meus olhos repousaram em Macabeus 3,19.
"A vitória na guerra não depende da multidão de soldados, mas da força que vem do céu"

Transportando esta frase para mim, já que ela me caiu como se tivesse algo para me dizer, fiquei pensando quantas vezes me afasto desta certeza...
Nas "batalhas" que travo terei sempre presente que a minha força vem do céu? Apoiarei sempre as minhas atitudes e formas de luta nesta afirmação? Ou enredada e absorvida no propósito, fecho o meu coração às coordenadas certas que o céu me dá? 

É tão fácil a derrapagem...cegar nos nossos objectivos e esquecer que eles poderão não ser o melhor para nós, ou até que não é chegada a hora da sua concretização...
É tão fácil, perdermo-nos em formas de luta atabalhoadas e imprecisas que nos bloqueiam os ouvidos e a mente à Voz do céu...
Tão fácil cair por terra de cansaço e recostar o corpo desgastado à prostração do desânimo...
Tão fácil afastar a nossa culpa para nossa defesa...
Nestes momentos, as sombras pairam e como nevoeiro cerrado, impedem que a Luz de Deus nos repasse e seja visível e sentida por nós. Tudo fica escuro e o caminho é para nós como um beco sem saída.
Mas são exactamente nessas horas, quando caídos, que Jesus mostra toda a Sua Misericórdia, todo o Seu amor por nós. Vem em nosso auxílio. Basta que ergamos os olhos para o céu e lhe estendamos a mão, porque a D`Ele já está à espera da nossa.

DE ONDE VEM A FORÇA DOS FRACOS? DO CÉU!

Dulce Gomes

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

OUTROS NATAIS...

Há medida que o tempo passa por nós, acumulamos vivências inesquecíveis que alguns degraus mais atrás nos fizeram crescer de tal forma, que as carregamos para sempre num cantinho especial.

Não sei precisar exactamente em que ano da minha vida se passou esta história, mas terá sido entre os meus 8/9 anos. Até tarde acreditei que era o menino Jesus que nos trazia os presentes e assim a cada natal crescia em mim a esperança, de que o Menino Jesus me presenteasse com aquilo que sabia ser impossível que os meus pais me dessem. Aproveitando essa oportunidade, todos os anos renovava os mesmos pedidos com veemência: uma boneca, ou um brinquedo mais apetecido que via nas mãos das amigas, sem ousar pedir uma bicicleta embora bem lá no fundo acalentasse essa esperança. Ao chegar o dia 24 de Dezembro repetíamos cuidadosamente a mesma rotina: pegávamos num sapatinho e posicionávamo-los todos em fila que nem montra de sapataria; o meu ficava sempre num lugarzinho especial por ser o mais pequeno.
Ia para a cama só quando era vencida pelo sono e pela manhã a ansiedade batia cá dentro como um despertador.Erguia-me num pulo, acordava as minhas irmãs e corríamos até à cozinha. A decepção era sempre igual: no sapatinho tínhamos sempre o chocolate que reconhecíamos ter sido dado pela mercearia onde nos abastecíamos, ou aquele tecido ofertado e guardado pela minha mãe para posteriormente nos fazer alguma roupa. Depois de refeita, esperava resignada o próximo natal.
Mas houve um natal diferente. Num ano tal como nos outros, também deixei o sapatinho à chaminé mas com uma esperança redobrada. A minha irmã Isabel com apenas 14 anos havia começado a trabalhar e depositou em mim uma alegria e esperança de que naquele natal o Menino Jesus iria de certeza passar à nossa casa. Essa noite de natal foi a mais longa de sempre. O sono foi entrecortado por insónias que deixavam em alerta todos os meus sentidos. Eu esperava a vinda do Menino Jesus. Numa dessas insónias ouvi passos, seguidos do resmalhar das prendas e o meu coração saltou de alegria: O menino Jesus estava ali, deixando algo nos nossos sapatinhos. Pregada à cama esperei a custo pela manhã. Mal raiou o dia, ainda cambaleante corri até à chaminé e os meus olhos arregalaram de assombro: os sapatinhos estavam tapados de prendas com lacinhos.  
Claro que não recebi a bicicleta, mas depressa a esqueci perante a visão dos nossos sapatinhos tão recheados. Naquele ano, a minha mana Isabel foi o “menino Jesus” do nosso natal.

Hoje recordo esta passagem com um sorriso e com muita gratidão pelo gesto de amor tão significante da minha irmã. Ela soube juntar os escudos e abdicar deles para me proporcionar um natal inesquecível.
Porém, há muito tempo que agradeço ao Menino Jesus os nossos natais. Não tínhamos prendas, nem televisão, nem jogos. A nossa casa era pequena, bastante simples e humilde e para nos alegrar, apenas uma telefonia que tocava na noite de natal até bem tarde ao compasso do garfo que batia na frigideira enquanto o meu pai fritava os pastéis. Pelo meio ficavam os passos de dança pavoneados do meu pai, que se dividia por todas as mulheres da casa e no final fazíamos a “adiafa”: um chazinho com os fritos e pastéis ainda quentinhos e polvilhados de açucar e canela.
Afinal o Menino Jesus esteve sempre presente nos nossos natais, dando-nos o maior presente que uma família pode receber: união, paz, amor e alegria.

Só para concluir: Aos 20 anos, já casada, o meu marido pegou em peças velhas e formou uma bonita bicicleta azul que de tão pesada me venceu de cansaço logo à primeira, mas que me fez muito feliz.

Dulce Gomes

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ABSORVENDO ISAÍAS...

Numa fase de aprofundamento e espera, revolvo-me por dentro à procura daquela luz fulgurosa que por brilhar tão intensamente me ofuscava e me levava a que relegasse para último plano a minha vontade, instruindo-me os passos ao ponto de quase não os reconhecer como meus. Mas que no final, a alegria sentida era tanta que o coração quase explodia por ver o reflexo dos mesmos…
Neste momento se tivesse que comparar a minha luz interior, talvez a assemelhasse à da lua, porque me deixa ver pouco mais que sombras.
Neste Advento e por mero acaso, tenho-me “confrontado” muito com Isaías. A frase “Não temais”, tem sido uma constante e tem actuado em mim como um bálsamo. Aquilo que poderia não passar duma casualidade transformou-me num motor de busca ávido e sedento de entendimento com vista a perceber Isaías.
Apesar da minha grande limitação no discernir do seu conteúdo, esbarro com versículos que fazem crescer o fulgor apagado do meu interior. Ontem fui deitar com este versículo: “ Não tenhas medo, pois Eu estou contigo. Não precisas de olhar com desconfiança, pois Eu sou o teu Deus. Eu te fortaleço, te sustento e te ajudo com a Minha direita vitoriosa”. Is 41,10. Este capítulo tem o título: “Javé defende o oprimido”. Este é só um dos pontos de encontro meus com Isaías. Toda a sua palavra tem falado dentro de mim de forma vigorosa e sonora, ao ponto de a ler alto para A escutar e interiorizar, acabando sempre no final com um: “Obrigado meu Deus!”
Pela manhã foi esta a Palavra: “ O sol não será mais luz do teu dia, e de noite não será a lua a iluminar-te; o próprio Javé será para ti uma luz permanente, e o teu Deus será o teu esplendor”. Is60,19.
Cresce a tal alegria apagada e falada no inicio. Tento imaginar as provações de Isaías, situa-las no espaço e no tempo conturbado e ainda assim gritava: “Não temais” e continuava: “Será derramado outra vez sobre nós um espírito que vem do alto. Então o deserto tornar-se-á um jardim, e o jardim converter-se-á em bosque”. Is,32,15. Que força depositou o Senhor em Isaías…Tão grande que atravessou séculos e consigo ouvi-lo, aqui e agora…

Isaías foi e é um recuperador de fé, uma confirmação de que temos de manter acesa a luz da esperança. «Vinde! Subamos à montanha de Javé, vamos ao templo do Deus de Jacob, para que Ele nos mostre os Seus caminhos, e possamos caminhar nas Suas veredas». Is2,3

A minha luz já brilha um pouco mais que a lua e os meus olhos já definem cada pegada. Aos poucos a esperança outrora abatida está ressurgindo, sinto o restauro e o reforço das minhas certezas tão adormecidas ultimamente, resultante de diversas tribulações. Mas já vejo a luz. "Vem aí o Menino, um filho que nos foi dado: Sobre o Seu ombro está o manto real, e chama-se “Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz»." Is9,5
Estou tão absorvida que me apetecia transcrever muito mais, mas finalizo com palavras singelas e minhas:
Aceito este desafio que me foi proposto por Deus para caminhar com Isaías como "mentor" neste Advento, pedindo que ponha na minha boca e nos meus actos a Sua vontade de forma a chegar mais perto dos Seus propósitos." Eu confio e nada tenho a temer, porque a minha força e o meu canto é Javé: Ele é a minha salvação. Com alegria todos podereis beber água nas fontes da salvação". Is12,2
Continuemos esta caminhada com paz e alegria, tendo presente em nós a certeza de que as pedras do caminho não passam de obstáculos que temos de ultrapassar para aplainar as nossas veredas.

Dulce Gomes


sábado, 4 de dezembro de 2010

DEIXEM-ME CAMINHAR...

Inclinai para mim os Vossos ouvidos, apressai-Vos a libertar-me. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me salvar. Salmo 30,3



Tantas coisas me passam pela cabeça ao longo do dia, o pensamento voa mais rápido do que o vento e as ideias vêm cruzadas, no entanto em todos os segundos há sempre um que permanece: Jesus!
Jesus é o epicentro da minha existência. A Ele entrego as minhas alegrias, as minhas decepções e porque não dizer o que me faz extremamente infeliz. Dei comigo perguntando a mim mesma: "Porque é que consigo fazer chegar a Palavra de Deus aos mais afastados e não passo a mensagem aos que estão mais perto?"...


Tempo de advento, tempo de aprofundar e emendar, de esperar com confiança no Salvador.
Neste Advento entrego a Jesus todos os que ainda O não descobriram e consequência dessa lacuna vivem perdidos entre o ter e parecer, esquecendo de ser. Esquecem de ser bons filhos, bons irmãos, bons pais, bons seres humanos.
Neste Advento peço perdão a Jesus pelas palavras que deixo presas à minha falta de reacção quando seria imperioso soltá-las. Peço perdão a Jesus pelos sentimentos consequentes desse acto, que me levam a afundar numa luta desigual com o mundo que me rodeia e com o qual não compactuo por não me identificar com ele...
Vai restando a alegria de, paralelamente, Jesus me mostrar o outro lado. Um caminho onde posso firmar os meus pés e prosseguir, segura de que, dentro de mim brilha uma luz onde me refúgio e da qual por mais que soprem se mantém acesa. Essa luz é a Salvação da qual nunca abrirei mão.
Ainda que em silêncio, deixem-me caminhar.
Neste Advento que Jesus nos ajude a investir mais no SER...

Dulce Gomes 

terça-feira, 30 de novembro de 2010

3º DIA DO ADVENTO

“Esta é a voz daquele que grita no deserto; preparai os caminhos do Senhor, endireitai as Suas estradas. Todo o vale será aterrado, toda a montanha e colina serão aplanadas; as estradas curvas ficarão rectas e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo o homem verá a salvação de Deus” (Lc 3, 4).

Quais são os nossos desertos? Como poderemos faze-los florir?

Neste 3º dia de Advento não venho sozinha, trago Maria para caminhar connosco. Maria que ao firmar o seu compromisso com Deus se despojou de tudo e se dispôs a cumprir o Seu plano permitindo ser ponte entre o céu e a terra para que chegasse até nós a salvação. «Faça-se em mim segundo a Sua Palavra». Lc1,3
Maria que quando anunciou a vinda de Jesus o fez com alegria e com ela proclamou a Sua grandeza; «A minha alma proclama a grandeza do Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador». Lc 1,46-47

À semelhança de Maria recebamos com alegria responsável este Advento, encarando-o como uma graça oportuna e valiosa para mergulharmos num confronto interior tendo em vista objectivar os pontos que devemos mudar ou melhorar. 
Nem sempre passamos em retrospectiva os nossos actos, perdendo assim a oportunidade de nos auto-avaliarmos e consequentemente, nos corrigirmos.
É muito fácil cair em erro e consequência da nossa condição humana de pecadores, a emenda é dolorosa.
Sempre que deixamos que a nossa indiferença se sobreponha ao acto de agir; sempre que nos fechamos no nosso mundo, preferindo ignorar o que nos rodeia; sempre que não seguramos a mão que para nós se estende para dar ou receber; sempre que a Palavra ou o testemunho ficam retidos na boca que se cerra por falta de coragem de os gritar, sempre que nos rendemos à inércia e ao comodismo/facilitismo, estamos relegando para segundo plano o plano de Deus em nós, impedindo que ele se concretize.
Destes, alguns reconheço-os como meus, são os buracos do caminho que preciso aplainar para melhor acolher Jesus. São eles que me impedem de fazer silêncio e escutar a “voz que grita no deserto” impossibilitando que floresça a Sua palavra em mim, e à semelhança de Maria, ser “ponte” entre Deus e o meu próximo.

No evangelho de hoje* Jesus incita-nos a deixar o nosso “barco na praia” para O seguir.
Tendo a luz que já acendemos como estímulo, peço que ela incida nos nossos corações, incendiando de amor e gestos de coragem os nossos actos. Que esta oferta de Jesus seja aceite por todos nós.
Vamos espera-l`O, seguindo-O confiadamente.

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós. 
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

*Jesus andava à beira do mar da Galileia, quando viu dois irmãos: Simão, também chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram as redes e seguiram Jesus. Indo mais adiante, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago e João, filhos de Zebedeu, consertando as redes. Eles deixaram imediatamente a barca e o pai e seguiram a Jesus. Mt 4,18-22

- Palavra da Salvação.

- Glória a vós, Senhor.

Amanhã visitaremos a casa da Gisele e iremos reflectir juntos o 4º dia do Advento

(
Dulce Gomes

sábado, 27 de novembro de 2010

RUMO: ADVENTO


O caminho da fé faz-se andando. Tal como todos os caminhos tem etapas que se podem revelar diferentes na sua conjuntura. Umas serão mais facilmente transpostas, outras deixam-nos as marcas dos seus obstáculos e trilhos, mas todas elas tem apenas um só propósito: Chegar mais e melhor a Deus!
Estimulante não é? Este desafio que nos desinstala da nossa rotina, que nos incomoda (no bom sentido), que nos estimula a reagir, a ir mais além dentro e fora de nós mesmos, a conhecermo-nos e a pormo-nos à prova enquanto cristãos. E este avançar é tão gratificante que nem o facto de chegarmos ao fim duma etapa reconhecendo que poderíamos ter feito mais e melhor nos derruba. Pelo contrário, compramos umas sandalinhas novas e fazemo-nos de novo ao caminho cheios de alegria, de esperança e gratidão por mais uma oportunidade que o Senhor nos dá para nos aperfeiçoarmos e renovarmos de forma a que transpareça e transborde para os outros a chama que nos ilumina. A minha luz é muito ténue mas junto às vossas brilhará mais...
Por isso vamos caminhar neste Advento com 21 luzinhas acesas pela luz maior e única: A do nosso Salvador, nosso Senhor Jesus.

Ordem das nossas pegadas:
Utília
http://demaosdadasnacaminhada.blogspot.com/
Teresa desabafos-Teresa
http://teresa-desabafos.blogspot.com/
Degrau de Silêncio-Eu
http://degraudesilencio.blogspot.com/
Gisele Pontes
http://giselepontes.blogspot.com/
Maria Luiza
http://sentidomaior.blogspot.com/
Regina
http://.reginamurbach-renascer.blospot.com/
Mer
http://retirodoeden.blogspot.com/
Ailime
http://rotasdiferentes.blogspot.com/
Joaquim
http://queeaverdade.blogspot.com/

http://partilhas-em-fa-m.blogspot.com/
Felipa
http://cristo-sempre.blogspot.com/
Sandra
http://teologar.blogspot.com/
Canela
http://marcomcanela.blogspot.com/
Sónia
http://paineisdeaveiro.blogspot.com/
Cassola Marques
http://sobre-a-vida.blogspot.com/
Arco Iris-Maria
http://www.arcoirisnoceu.blogspot.com/
GiraGirassol-Catarina
http://giragirassol.blogspot.com/
Hysterical-Cecília
http://givenmehysteria.blogspot.com/
Pe. JAC
http://caritasdei.blogspot.com/
Sara Amaral
http://estradadejerico.blogspot.com/
Lucinha
http://lucinhasdreamgarden.blogspot.com/

Unidos na espera e na esperança de renovação em Cristo Salvador
Que o Espírito Santo nos ilumine!




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

JÁ COMPRARAM AS SANDÁLIAS?

Vamos caminhar de mãos dadas no Advento?
Do que é que estão à espera? Eu já comprei umas sandálias novas. O preço? É simbólico, basta a vontade de viver o Advento com os olhos postos na vinda de Jesus. Advento é tempo de espera, de reflexão, aprofundamento da Palavra. É partilha e crescimento. É peregrinar na fé com muita esperança em Jesus Salvador.
O Padre Jac fez-nos o desafio e à semelhança do ano passado, vamos afirmar o nosso "SIM".
Esta é a mensagem no seu blog:

"Olá amigos
Eis que chega mais um Advento, mais uma oportunidade que Deus concede para continuarmos a peregrinar e a caminhar rumo ao amor e à bondade do Seu coração.
Poderíamos, a exemplo do ano anterior, comprometermo-nos a fazer uma caminhada virtual, consentida e com sentido. Quantos mais se quiserem associar melhor, maior riqueza, maior diversidade...
Por isso: Aceitam-se peregrinos e caminhantes com blogue…
O esquema diário poderia ser à volta disto:
Um texto bíblico
Uma oração
Uma intenção comum para rezar
Uma imagem"


 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DESALENTO


Rebusco cá dentro
A minha força, a minha fé,
Como antídoto ao desalento.
Mas hoje perdi o pé.
E meu caminhar lento
não me deixou prosseguir…
Retrocedi sem desistir!
Apenas fiquei presa
Na prensa que me esmaga.
E assim triste e tensa,
Procuro-Te…
Mas meu pensamento divaga.
E oscila entre as graças que me dás
E a mágoa que o dia me trás…
Hoje estou desanimada.
Mas apesar de tudo, quero dizer-Te:
"Meu Jesus, obrigada.
Porque sem Ti, nada valho.
Sou nada!"

Dulce Gomes

(Hoje estou cinzenta...Mas irá passar...)

sábado, 20 de novembro de 2010

2Oº DIA DE ORAÇÃO


UM PEQUENO TESTEMUNHO

Vou falar-vos duma mulher, esposa e mãe dedicada que traída pela sua mente acreditava que estava sempre doente. Vivia atormentada por sintomas que acabava por sentir. Os familiares habituados a deitar por terra todas as doenças inexistentes com idas ao médico e exames, foram um dia colhidos de surpresa quando lhe foi diagnosticado um angioma cavernoso na cabeça, inoperável e sem tratamento. O prognóstico era arrasador. Poderia viver muitos anos mas o seu estado iria piorar progressivamente. Viriam as dores, perderia a locomoção, deixaria de se alimentar normalmente e de reconhecer a família.
O regresso a casa, já acamada foi um das maiores provação da família, constituída por marido e três filhas que tiveram que se unir e conjugar esforços para tratar dela 24 horas por dia.
De início, a sua perturbação obrigava a que se mantivesse amarrada para evitar quedas da cama e as noites eram de permanente alerta para quem estava de turno.
Estou a falar-vos da minha querida mãe.
Perante este cenário triste e quase incontrolável, nós entregámos confiadamente a Deus todo este calvário de sofrimento, sem nunca pôr em causa a Sua presença nem o Seu amor por e em nós. Vivemos um dia de cada vez, dando graças pelas pequenas/grandes vitórias, desde uma colher de sopa que a custo engolia até um sono mais tranquilo que nos deixava dormitar.
Reconhecendo a importância da extrema-unção, (que ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é para ser dada apenas na hora da partida mas sim quando a pessoa está doente, necessita ou quer) falámos com um Padre amigo que de imediato se prontificou. A minha mãe quando o viu, olhou-nos e sorriu, rezou serenamente connosco e deixou-se repousar nos braços de Deus.
A partir dessa altura as correias que a amarravam e as grades da cama nunca mais foram necessárias. A minha mãe encontrou a paz. O seu olhar inquieto, tranquilizou e o seu sorriso desarmava o nosso cansaço. Nunca a ouvimos maldizer o seu infortúnio. Sabíamos que esta travessia, que durou cinco anos, seria uma purificação do seu espírito, uma preparação da sua alma para o seu encontro derradeiro com Deus. Hoje confirmamos que através do seu sofrimento e do seu exemplo de fé e confiança os laços familiares se reforçaram. Através do sofrimento da nossa mãe encurtámos a linha que nos separa de Deus num caminho que continua árduo mas gratificante. Sei que a minha mãe está sorrindo…
Contrariamente às previsões dos médicos sempre nos reconheceu e passou a alimentar-se com uma sonda apenas quinze dias antes da sua partida e já no hospital. Quando chegou a sua hora, aceitámo-la suavemente e agradecemos em conjunto a sua ida. Louvamos a Deus com lágrimas mas também com cânticos, perante o olhar surpreso dos presentes.
Apesar da carga emocional que está patente nesta partilha, não é escrita com pesar mas com muita gratidão em nosso Senhor Jesus Cristo pela oportunidade que nos dá de fazermos uma purificação enquanto mortais. Mas a morte não é nada! O corpo morre, o espírito não. É semeado corpo animal, mas ressuscita corpo espiritual"1Cor15,44
Como escreveu Santo Agostinho: "Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho…"

Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim queridos irmãos, sede firme, inabaláveis, fazei continuamente progressos na obra do Senhor, sabendo que a vossa fadiga não é inútil no Senhor”” 1Cor15,54-58

Sem fadiga continuemos esta obra pelos que estão do outro lado do caminho, não descurando os que estão a caminho, nós incluidos, e precisam de oração para preparar a sua ida.
Continuemos sem nos fatigarmos.

( Não sei se me desviei um pouco da nossa trajectória enquanto missão, mas senti necessidade de trazer e reforçar a importância da extrema-unção)

Dulce Gomes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PAI, PERDOA-NOS


Chuto sempre para o lado quando se trata de julgar os outros, porque não me sinto no direito de o fazer e porque cada um terá o livre arbítrio para opinar e decidir sobre si próprio.
Isto não quer dizer que me demita da minha opinião ou que a minha postura seja passiva e morna, não defendendo o que acredito. E eu acredito em Deus! Com todas as minhas forças e fraquezas, com todo o meu coração apesar das suas falhas e com toda a minha alma, embora eu e ela por vezes nos “desentendamos”.
Esta postagem é a consequência das “coincidências” que de há um tempo a esta parte teimam em bombardear-me, tanto, quanto eu teimo em ignora-las para não lhes dar protagonismo.
No entanto é difícil tapar os olhos quando à minha volta constato a trajectória definida por pessoas que conheço e gosto.
A variedade é muita. Há os que simplesmente não acreditam que Deus existe, os que ainda não O descobriram, os que O receiam, os que não tem coragem de O assumir, e por aí… E até aqueles que vivem com um pé em cada margem, bastando um empurrão para se deixar cair para um dos lados…
Ontem, um amigo fez questão de que me fosse entregue em mãos um texto escrito pelo Padre Anselmo Borges a propósito do lançamento do livro “Caim” de Saramago, onde ele foca a sua admiração pelo livro em questão e sublinha excertos de outros textos sobre o ateísmo. Não vou fazer considerações sobre o artigo e muito menos ao livro, que por opção não li, embora lhe conheça o conteúdo. Por respeito à pessoa que o escreveu remeto apenas para mim a minha opinião sobre ele. Mas debruço-me sobre a frase  que à luz do entendimento do escritor descreve Deus. Diz ele: “Deus é o silêncio do universo, e o ser humano o grito que dá sentido a esse silêncio”. Esta frase é considerada como a mais bela descrição de Deus, segundo o Teólogo Juan José Tamavo e veio devidamente sublinhada por este amigo para que eu reflectisse sobre ela.

Ora bem, depois de reler este artigo fixei-me na famosa frase…Fiz silêncio.
Um silêncio que me elevou à oração por todos aqueles que deixam que a sua vida seja governada pelas energias da moda e buscam fora de Deus a força para as suas provações. Silêncio por aqueles que olham os cristãos como se estivessem perante pessoas diminuídas de intelecto. Silêncio pela facilidade com que se idolatram e seguem pessoas como se fossem Deuses e se elevam os seus escritos ao patamar da doutrina. Silêncio sobretudo por todos os ateus que já partiram. Este silêncio é oração e apelo à Divina Misericórdia de Deus pelos que erradamente nada fizeram para a salvação das suas almas enquanto na vida terrena. Silêncio para pedir perdão pelas blasfémias proferidas.
Mas...não por esta famosa frase. Porque nela eu vejo Deus, Supremo, Grandioso, que faz com que, até aqueles que n`Ele não crêem O vejam no universo e O admirem e também porque ela(esta frase) acaba por ser o catalisador que leva muitos cristãos a rezar pelas suas almas!”

Tudo é de Deus e no universo do meu ser quebro o silêncio com este grito:
Deus, silencia o coração dos homens, fá-los escutar-Te. Abre-lhes o espírito à Tua luz, mostra-lhes o caminho da verdade, o único que é só um: o Teu!
"Perdoa-lhes Pai, porque eles não sabem o que fazem"
Curiosamente esta passagem da Bíblia foi distorcida pelo autor até à exaustão. Acredito na Misericórdia Divina e acredito que à sua chegada Deus o envolveu num apertado abraço e perdoou...
E perdoa-nos Pai a todos nós, cristãos, pela inércia a que nos entregamos quando preferimos assobiar para o lado...
Perdoa-me Pai quando o faço!

A minha alma está unida a Vós
a Vossa destra me sustenta.
Quanto aos que procuram perder-me,
Cairão nas profundezas dos abismos,
serão passados  fio de espada
e serão pasto para os chacais.
O rei, porém alegrar-se-á em Deus.
Será glorificado todo o que jurar pelo seu nome
enquanto aos mentirosos será tapada a boca.
Salmo 62, 9-12


Aqui o artigo do D.N em questão
Saramago e Deus
 
Dulce Gomes

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MAR DE AMOR


Vestes-Te de mar azul radioso
Para poder chegar de mansinho aos meus pés
Em ondas de amor, manso e glorioso
Sopras-me bonança na mutação das marés

Curvo-me na areia e o sabor a sal
Afaga meu rosto amassado no tempo
Como onda planando numa entrega total
Corro como rio na crista do Teu vento

Sou gota minúscula e sem expressão
Sou mísera partícula pairando na vastidão
Deste mar de amor em que navego

Porém, no Teu mar sinto que sou tanto
Ainda que frágil, tudo suplanto
Tão pouco sou, mas tudo Te entrego.

Dulce Gomes

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

NOITES...



Lá, onde se prendem as estrelas
Repousa o meu olhar.
Sigo o fio longínquo que me separa
Deste universo transparente
De sombras e luar...
Perco-me na imensidão.
De corpo ausente e alma alheia
Esfumaço os pensamentos
Que se alvoraçam como areia açoitada
Aos quatro ventos...
Quantos silêncios camuflados
Guarda a noite em seus segredos?
Fiel confidente
Onde mantém guardados
Os sonhos, as decepções, os medos
Que se amontoaram nos tempos.
Quantas vezes refúgio
Único albergue
Onde me desnudo da nostalgia
Tecto de luz onde me encosto
E enclausuro
E neste porto seguro
Fico até que a noite se faça dia…

Dulce Gomes

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MAIS UMA HISTÓRIA DO MEU PAI

ALMIRANTE DAS HISTÓRIAS

Gosto de puxar pelas estórias do meu pai. Ontem já ao cair do sol fez-nos uma visita. Sabendo a sua propensão natural para rebuscar na memória as suas douradas vivências, eu e o meu marido estimulámos mais uma conversa amena que iria converter-se num momento único que guardarei para sempre, onde não faltaram as lagrimitas intercaladas entre os silêncios para repor a coragem de continuar.
Esta foi uma das que contou ontem.
Ainda na sua juventude, vivendo com uma madrasta/mãe como faz questão de mencionar e com um pai que lhes dava maus tratos, o meu pai, nessa altura já exímio na arte de pescar à cana e única fonte onde ia buscar o sustento no inverno, foi a caminho das rochas para pescar às salemas. Como sempre levava uma cana suplente não fosse o mar levar-lhe alguma ou partir-se.
Mal tinha começado a pescar e vê chegar o "Ti Pardina" com o filho ainda jovem. Iam à pesca dos burrinhos (um peixe que facilmente se deixava apanhar e que abundava por ali). O "Ti Pardina" era forneiro mas, para além de estar desempregado não tinha a perícia nem a destreza dos que como o meu pai faziam da pesca o seu ganha-pão.
O meu pai depois duma breve conversa chamou-o para junto dele e disse-lhe:
-“Ó Ti Pardina venha práqui homem, eu empresto-lhe uma cana e você pesca aqui comigo, aí você não apanha nada.”
O "Ti Pardina" depois de dizer que não sabia pescar lá aceitou a cana já emparelhada. A pesca fluiu e correu tão bem que nos dias seguintes voltaram ao mesmo pesqueiro e a pescaria ainda deu para vender.
Passou o tempo e o meu pai que entretanto começou a namorar a minha mãe e queriam casar, resolveu ir à tabacaria para começar a juntar tábuas das caixas do tabaco para fazer uma casinha (fiquei a saber que as casas eram feitas dessas caixas que depois de despregadas e livres de pregos, serviriam para com muita arte, fazer as paredes para as barracas existentes). Um dia e em conversa o meu pai disse ao "Ti Pardina" que tinha intenção de construir uma casinha. Dotado de boa vontade adiantou com toda a veemência que queria participar na sua construção. Quando chegou a altura o meu pai indeciso, não se sentia à vontade para o chamar mas receando ofendê-lo acabou por lhe dizer.
No dia marcado vê chegar o "Ti Pardina" com dois martelos e pregos na mão, pronto para trabalhar. A tarefa foi árdua para todos mas o empenho do Ti Pardina era notório. Pregou todas as tábuas das paredes. Quando chegou ao telhado foi ele que se prontificou para o construir. Quando acabaram olharam para a casinha erguida, orgulhosos da sua obra. O meu pai acercou-se do "Ti Pardina" (imagino eu de olhito brilhando) e quis saber quanto lhe devia por tanto trabalho, ao que o "Ti Pardina" lhe disse que o meu pai nada lhe devia e acrescentou:
-“ Eu é que te agradeço Joaquim: Lembras-te daquele dia que me deste uma cana, me chamaste para o teu pesqueiro e me ensinaste a pescar? Sabes porque é que fui à pesca mesmo sem saber pescar?”
Esticando a mão vazia, continuou:
-“Porque na minha casa havia tanto para comer como tenho aqui na palma da minha mão. Os meus filhos tinham fome e eu desesperado fugi para as rochas na esperança de apanhar alguns burrinhos. Graças a ti aprendi a pescar, matei a fome lá em casa e ainda vendi 10 salemas.”

Este foi o momento em que o silêncio pesou…o meu pai fez intervalo para arranjar coragem para arrematar a estória, enquanto nós olhávamos para o lado disfarçando a emoção.
Até que o meu Almirante rematou assim:
-“O Ti Pardina era boa pessoa e se ele não apanhasse nada levava os peixes que eu já tinha pescado!”

Quando ele foi embora veio-me à memória aquele provérbio chinês:
"Se queres matar a fome a alguém, não lhe dês o peixe mas ensina-o a pescar”
Lembrei também Jo 21,6
Estavam os discípulos cansados depois duma noite em que lançaram as redes ao mar sem nada pescarem e apareceu Jesus que lhes disse:
"Lançai a rede para o lado direito da barca e achareis peixe."
Obedientes, assim fizeram e a pesca foi abundante.
Jesus não lhes deu o peixe mas disse-lhes onde pescá-lo...
A primeira opção do meu pai também não foi dar o peixe mas ensiná-lo.
Dar: essa virtude que serve de base a tantas outras quando bem aplicada. Dar o que se tem e o que se sabe mas dar sem humilhar nem se enaltecer.
Quando "dar" é o fruto dum grande coração torna-se saboroso com mel e de inesquecível paladar...
Orgulho-me de ti, pai!


A tua filha caçula
Dulce

terça-feira, 9 de novembro de 2010

9º DIA DE ORAÇÃO PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO


"Numa tarde o padre Pio estava em um quarto, localizado na parte baixa do convento, destinado para casa de hóspedes. Ele estava só e descansando sobre o sofá, quando de repente, apareceu um homem envolto em uma capa preta. O padre Pio, surpreso, ergueu-se e perguntou para o homem quem ele era e o que ele queria.
O estranho respondeu que era uma alma do Purgatório. "Eu sou Pietro Di Mauro". Disse-lhe então: "eu morri em um incêndio neste convento, em 18 de setembro de 1908. Na realidade esse convento, depois da desapropriação dos bens eclesiásticos, tinha sido transformado em uma casa de repouso para anciões. Eu morri entre as chamas quando eu estava dormindo, em meu colchão feito de palha, exatamente neste quarto. Eu venho do Purgatório: O bom Deus, deixou-me vir até aqui e lhe pedir que celebre para mim a santa missa de amanhã de manhã para o meu descanso eterno. Graças a esta Missa eu poderei entrar no Paraíso".
Padre Pio falou para o homem que ele teria a missa santa para a sua alma.. o Padre Pio contou: "Eu, queria leva-lo até a porta do convento para me despedir quando repentinamente para minha surpresa ele desapareceu. Eu seguramente percebi que havia falado com uma pessoa morta, na realidade, tenho que admitir que eu reentrei no convento bastante amedrontado. O Padre Superior do convento, Monsenhor Paolino de Casacalenda, notou meu nervosismo, e então contei-lhe o que havia acontecido . Ai então lhe pedí a permissão para celebrar a Santa Missa da manhã seguinte em voto daquela alma necessitada.
Alguns dias depois, Padre Paolino, despertado pela curiosidade foi até o escritório de registro de óbitos da comunidade de St. Giovanni Rotondo, e pediu a permissão para consultar o livro de registro de óbitos do ano de 1908. Após a consulta ele pode então verificar que a história do Santo Padre Pío era verdadeira, pois no registro relacionado às mortes do mês de setembro, Padre Paolino achou o nome, o apelido e a razão da morte: No dia 18 de setembro de 1908, no incêndio da casa de repouso morreu o Sr. Pietro Di Mauro."

Fonte:
http://www.eurooscar.com/padre_pio/pioapari1.htm


É grande a minha ignorância nesta nossa nobre missão. Neste seguimento ouso até partilhar com vocês que a minha empatia com este assunto começava e acabava apenas no acto de rezar em dias especiais por quem já partiu. No entanto e pelo facto de fazer esta caminhada convosco, as vossas postagens as orações e a minha busca têm contribuindo para que "olhe" de forma diferente este tema que outrora preferia não abordar.

Numa das minhas incursões pela viagem da descoberta encontrei esta narrativa do Padre Pio que me impressionou, sobretudo, a sua atitude ao ser confrontado com algo inesperado e que o amedrontou mas que não ignorou.
Reconhecendo que a minha fuga tem origem nos medos que me foram incutidos desde a infância (embora sem intenção) faço destas descrições e sinais, a força que está fazendo crescer a minha vontade de rezar pelos que já partiram, na esperança de lhes aliviar e encurtar a caminhada até à luz de Jesus. Presentemente não rotularei o que sinto como medo mas apenas com um enorme respeito e sentido de responsabilidade que me leva a pedir a Misericórdia para as almas que mais precisam. E assim, a negação foi dando lugar à aceitação, ao entendimento e hoje é entrega na oração num rosário de amor pelo desagravo dos seus sofrimentos...
ROSÁRIO DE AMOR PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO
No Creio:
Dulcíssimo Jesus, pelo suor e sangue que derramastes no Horto das Oliveiras, tende piedade das almas do Purgatório!
Nas Ave-Marias:
Jesus, Maria eu Vos amo! Salvai almas!
No primeiro Pai-Nosso:
Dulcíssimo Jesus, pelas dores da Vossa crudelíssima flagelação, tende piedade das almas do Purgatório!
No segundo Pai-Nosso:
Dulcíssimo Jesus, pelas dores da Vossa coroação de espinhos, tende piedade das almas do Purgatório!
No terceiro Pai-Nosso:
Dulcíssimo Jesus, pela dores que sofrestes no caminho do Calvário, tende piedade das almas do Purgatório!
No quarto Pai-Nosso:
Dulcíssimo Jesus, pelas dores da Vossa penosíssima agonia, tende piedade das almas do Purgatório!
No quinto Pai-Nosso:
Dulcíssimo Jesus, pelas imensas dores que sentistes expirando na Cruz, tende piedade das almas do Purgatório!
Na Salve Rainha:
Dulcíssimo Jesus, pelas últimas gotas de Sangue do Vosso Coração transpassado pela lança, tende piedade das almas do Purgatório!

Assim seja a vontade de nosso Senhor Jesus Cristo.