Na
roda da vida tudo se agita e se altera à mercê dum tempo que não nos dá tempo.
Tudo
está em permanente metamorfose, nós incluídos.
Mudamos
os gostos, os objectivos, as prioridades; mudamos os gestos, digerimos os
restos; calamos mágoas, soltamos afectos – e num todo – somos umas vezes rio
cristalino e outras, um mar de lodo.
A
paisagem muda, as pessoas também e a vida obriga-nos a saber estar com todos e sem
ninguém…
A
solidão…
Pode ser um poço escuro, um muro, um rio sem
ponte; pode ser um céu acabrunhado onde não se riscou o horizonte…
Solidão
presente num aglomerado de gente, que apressada, fitando o vazio enxerga pouco
mais de nada…
Solidão
que existe nos diálogos inexistentes ou sem sentido, no rasgo dorido das
palavras corrosivas, em que o tempo nem nos dá tempo para lamber as feridas…
Na
verdade somos gente. Gente sem tempo. Embora tão ou mais inconstantes que o
vento.
E
apesar de racionais gastamos tanto do nosso precioso tempo agindo como animais…
Mas
a solidão também é um motor de busca, um ponto de encontro, de escuta e
comunhão, onde a Luz se faz presença, chama ardente, que de tão intensa
incendeia e dissipa a penumbra que nos dilacera o coração.
E
eu, neste tempo que roubei ao tempo que não me sobra, escrevo para me sentir
viva por dentro e ao mesmo tempo confirmar que continuo sendo Teu projecto e
obra.
Obra
imperfeita, inacabada, que se suspende na espera do toque que, sabe, virá das
mãos do Mestre.
A
folha em branco é a solidão que procuro porque sei que me esperas de mãos
vazias."
Obrigada
meu Senhor e meu Tudo!
Dulce Gomes
Esta vida é feita de mudança.
ResponderEliminarUns dias sorrimos e acreditamos
Outros porem, de pés de barro choramos.
A fé será ou fará uma ponte
Que nos liga e neste mar de tormentos.
Olá, querida Dulce
ResponderEliminarMe fez lembrar S. João da Cruz: Solidão povoada...
Bjm fraternal