CORRENTE DE AMOR

Este é o meu bordão

Ainda digerindo o dia de ontém onde percorremos vinte e um quilómetros de Grândola até Alcácer do Sal, aqui estou.

Não para partilhar detalhes logísticos de mais uma etapa, mas para aprofundar um pouco, tudo aquilo que brota bem cá do fundo de mim e que domina o meu pensamento.

Poderia tentar descrever esta alegria que sinto no meu coração, as graças e louvores que estou dando intensamente a Maria e Jesus desde ontém. Poderia focar os laços de amizade que se reforçam entre irmãos de caminhada, os nossos cânticos em forma de prece profunda, ou simplesmente os nossos momentos de descontração onde nos deixamos levar pela boa disposição.

Porém, hoje algo me impele a ir mais longe e falar sobre o poder da oração. Sei de antemão que tudo o que irei escrever não terá carga emocional suficiente para deixar transparecer na íntegra o meu estado de espírito, no entanto, sinto o compromisso de o fazer... 

A oração é uma porta sempre escancarada onde somos convidados a entrar, uma taça cheia de bençãos da qual nos podemos servir a qualquer hora e momento, um s.o.s. enviado ao Amor infinito do Pai que por nos amar incondicionalmente está sempre esperando um sinal nosso. A oração é um refúgio, um abrigo para o nosso cansaço, um mar de amor infinito que nos ajuda a erguer quando tudo parece querer afundar-nos. Orar, transporta-nos à luz, enche-nos de Espírito Santo, renova-nos e sentimos a força interior do poder que dela advém ao mesmo tempo que nos demonstra que sózinhos nada somos, mas com Deus e os irmãos tudo podemos.

Ontém, quando cheguei a casa e assim que pude, retirei-me, reflecti...Louvando a Maria Santíssima, agradeci tudo, tudo...os nossos passos, todo o amor derramado, todas as palavras de conforto, a forma como a nossa Maria João (uma das nossas guias) nos esperou e acolheu...mas acima de tudo a intensidade com que sentimos a presença de Deus junto de nós.

Ontém, tal como neste momento, sinto como se um rio de água viva e fresca tivesse feito de nós o seu caudal, invadindo cada pedacinho dos nossos corpos que inertes, apenas se deixaram ir na corrente sem resistência nem medos. Tudo foi ficando cristalino, renovado e, quando por fim terminou esta viagem nossos coraçãos estavam cheios de Amor, nossas almas estavam polidas e reluzentes... Os abraços e louvores aconteceram de maneira espontânea entre sorrisos e lágrimas. Em círculo, agradecemos a intensidade do amor ali revelado e sentimos bem forte no meio de nós a presença e o amor terno da nossa Mãe.

Que planos terá Deus para cada um de nós em cada etapa desta nossa peregrinação pela vida?? Não sei! Mas quero passo a passo, descobrir qual o plano que me está reservado.
Quero ser caudal, permeável, por onde passa a corrente do Amor de Deus, porém, também quero ser rio que ao se empurrado pelo sopro do Seu amor transborde as minhas margens e invada outros caudais...
Assim seja essa a vontade de Deus... 

Dulce