O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM...

Às vezes as palavras são impotentes para derrubar barreiras. Não trazem implícita a força dos sentimentos ou então perdem o fulgor na travessia que separa a alma dos nossos lábios.

Nenhum ser humano fica isento desta experiência de ser causador ou receptor de palavras menos boas. Somos dotados de expressão e raciocínio mas nem sempre se consegue uma simbiose perfeita entre os dois, por vezes o nosso vocabulário fica aquém do necessário e a mensagem sofre uma metamorfose indesejada que se esguia por sendas obtusas, não alcançando o objectivo.

Nesses momentos todos os esforços audíveis se tornam inglórios, resta o silêncio.

“O que os olhos não vêem a alma descodifica”

Esta frase veio do nada e enraizou como uma semente pronta a ser adubada para me dar fruto. Foi com ela que parti para a Quaresma, embora sem entender a sua plenitude. Na busca de entendimento abri a Bíblia ao acaso em Mateus 6, 22:

“A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado.”

A Palavra deu luz à frase recebida…

Às vezes, é preciso encerrar a janela do nosso olhar para o mundo, abraçar o recuo, fazer silêncio e escancarar o coração para receber a Luz pura que o Senhor nos dá. Os nossos olhos dispersam-se com facilidade por tudo o que brilha e num arrasto desenfreado é fácil expelir palavras arremessadas com atitudes que não se coadunam nem nos dignificam. Dar primazia ao olhar da alma é vivificar os dons com os quais Deus nos dotou e são parte intrínseca da nossa condição de Seus filhos. Olhar com a alma é ver e descodificar cada passo à Luz do amor de Deus.

É de olhos encerrados para o mundo e à Luz da Sua preciosa Palavra que agradeço a Deus pelo discernimento que me é dado e confirmado com sinais inequívocos da Sua plena vontade em mim sobre mim, e em mim na comunhão com todos os que fazem parte da minha vida.

Eu Te bendigo Ó Pai!

Desejo a todos uma Santa Quaresma. Cheia de Luz e discernimento.

Dulce Gomes