Aplanai! Aplanai! Abri um caminho! Tirai as pedras do caminho do Meu povo! Pois assim diz Aquele que está no alto, lá em cima, Aquele que mora na eternidade e que tem um nome santo: Eu moro na altura santa, mas estou com os oprimidos e humilhados, para reanimar o espírito dos humilhados e reanimar o coração dos oprimidos.
Isaías57,14-15
Abri, como sempre faço, a Bíblia ao acaso. Deparei-me com Isaías51. Três palavras sobressaem.
ESCUTAI! DESPERTAI! APLANAI!
Fui meditando...
Quaresma é tempo de despertar...escutar...de aplanar o caminho...de avançar em busca da luz de Deus que ilumina e nos ajuda a limar arestas...que nos salva...luz que nos conforta, preenche...e dá aos nossos olhos outrora apagados, uma visão "à luz da fé."
E à medida que avançamos, a luz de Deus vai chegando aos cantinhos mais recatados da nossa alma, apurando os nossos sentimentos, aflorando em nós o desejo de entrega e de amor para com Deus e para com todos os que nos rodeiam. Além do nosso próprio caminho de conversão, Deus, responsabiliza-nos a intervir na conversão dos nossos irmãos. Somos filhos do mesmo Pai, que nos quer unidos e compactos a caminhar para Ele. E como bom Pai, põe nossos "dons" a render com o único objectivo:
De que todos alcancemos o Seu Reino de amor.
De que todos alcancemos o Seu Reino de amor.
Esse plano, como tenho vindo a comprovar, passa muitas vezes pelo nosso recuo. Não um recuo feito de regressão na caminhada, mas um "voltar atrás" para ajudar a aplanar o caminho dos que ficaram: os cansados e oprimidos, os sem esperança, os que caíram num abismo de trevas, os que estão acorrentados e sem força para se libertarem, ou daqueles, que simplesmente não conhecem Jesus.
Este é um recuo que dói! É um aterrar doloroso numa realidade nebulosa em que cada um está submerso e de onde se torna difícil emergir de novo. Mas, quando Deus nos dá essa missão, capacita-nos com uma força empreendedora e surpreendente, assente na plena confiança de que estamos obedecendo à Sua vontade.
Este é um recuo que dói! É um aterrar doloroso numa realidade nebulosa em que cada um está submerso e de onde se torna difícil emergir de novo. Mas, quando Deus nos dá essa missão, capacita-nos com uma força empreendedora e surpreendente, assente na plena confiança de que estamos obedecendo à Sua vontade.
Quantas foram e são, as vezes em que volto atrás? Inúmeras! Quantas valeram a pena? Muitas! Mas são tantas as que também têm recuado por mim. Quantas vezes, sinto que não avanço nem tenho forças para arrastar para o lado os pedregulhos do meu caminho? E mais à frente, há alguém que Deus faz recuar para me buscar e dar alento, trazendo nas mãos as Suas bênçãos e na boca a Sua palavra. E com essa atitude eu desperto, deixando escorrer a seiva que me restaura e renova, me inunda de luz e ponho de novo meus pés ao caminho aplanado.
Conclusão: Ora somos instrumentos de doação, ora receptores. Esta é a simbiose perfeita dum povo que se deixa conduzir pelo seu Rei.
Conclusão: Ora somos instrumentos de doação, ora receptores. Esta é a simbiose perfeita dum povo que se deixa conduzir pelo seu Rei.
«Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz que trás a boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião: «O teu Deus reina». (Isaías52,7)
Porém, por muita força e perseverança que Deus nos dê, haverão sempre lutas que abraçamos que se tornam infrutíferas, pelo “finca-pé” e resistência demonstrada. Lutas às quais expomos todos os nossos argumentos, mas que se revelam insuficientes e desgastantes...
Ergue-se um impasse: resistir e continuar, ou desistir?
Jesus disse aos discípulos:
«Se alguém não vos receber bem e não escutar a vossa palavra, aos sairdes dessa casa e dessa cidade, sacudi a poeira dos pés» (Mt10,14)
Ergue-se um impasse: resistir e continuar, ou desistir?
Jesus disse aos discípulos:
«Se alguém não vos receber bem e não escutar a vossa palavra, aos sairdes dessa casa e dessa cidade, sacudi a poeira dos pés» (Mt10,14)
Será este versículo bem aplicado neste contexto? Será que sempre que sentimos o apelo que carregar alguém é Deus que nos instiga? Não poderá ser apenas fruto da nossa muita vontade? Porque se Deus nos incumbiu de tal, então nós ao desistir, estamos fracassando...
E como saberemos nós quando devemos baixar os braços? Onde está a linha que nos indica onde e quando parar? Quando devemos nós sacudir o pó das sandálias e seguir em frente?
Bem sei que mais cedo ou mais tarde, Deus clareará o nosso espírito e nos dará o entendimento, mas não saímos ilesos. Cabisbaixos, depomos armas, deixando para trás os despojos duma missão abortada, mas seguimos tristes e frustrados, embora ávidos de regressar ao ponto de partida para nos banharmos na luz que irá sacudir o pó da nossa jornada...
Bem sei que mais cedo ou mais tarde, Deus clareará o nosso espírito e nos dará o entendimento, mas não saímos ilesos. Cabisbaixos, depomos armas, deixando para trás os despojos duma missão abortada, mas seguimos tristes e frustrados, embora ávidos de regressar ao ponto de partida para nos banharmos na luz que irá sacudir o pó da nossa jornada...
Deus nos ajude a ser perseverantes, "prudentes como as serpentes e simples como as pombas.(Mt,10,16)"
Dulce
(Ps: Fico aguardando. Esperançada que a vossa intervenção me ajude a reflectir este pertinente tema...)
Amanhã prosseguimos aplanando a nossa Quaresma, com mais uma reflexão da nossa amiga Teresinha.
Dulcinha
ResponderEliminarLinda reflexão.
Penso que nunca devemos desistir de levar os outros connosco para Deus.
Sózinhos não fazemos caminho.
Beijinhos da Utilia
Bom dia
ResponderEliminarObrigado pela partilha e por essa vontade de caminhar para Deus princípio e fim de todas as coisas.
Este mundo hoje oferece-nos tudo mas não nos oferece Deus.
Esta mercadoria parece estar interdita nas palavras dos governos da nações e até nos simples hábitos e costumes das pessoas do nosso tempo.
Falta-nos o silêncio da oração para conseguirmos chegar mais perto de Deus e dos irmãos.
O caminhar faz-se caminhando. É uma expressão muito conhecida e assumida nesta reflexão. Avanços e recuos, mas com a mesma vontade de aperfeiçoarmos a nossa postura na relação com Deus, com os outros e com o mundo. É Deus que nos conduz, que nos salva, que nos levanta, que nos interpela na nossa limitação. Importa que cada um esteja de coração leve, disponível para ouvir a palavra de Deus, e deixar-se conduzir pelo Seu Espírito de Amor.
ResponderEliminarObrigado por mais este testemunho e desafio
"«Se alguém não vos receber bem e não escutar a vossa palavra, aos sairdes dessa casa e dessa cidade, sacudi a poeira dos pés» (Mt10,14)"
ResponderEliminarNeste contexto, eu creio que não adiantam os muitos argumentos, podemos calar-nos aparentemente, mas continuar a rezar por (é isso que eu tenho feito). Para Deus, não há limites temporais ou fisicos... podemos rezar mesmo longe... e isso não é depor as armas, é uma outra forma de caminhar, de interceder.
Beijinho fraterno, gostei muito desta tua reflexão.
Amiga Dulce,
ResponderEliminarcomo gostei da sua reflexão... quantas vezes me senti cansada, frágil nesta caminhada e quantos foram os amigos que me ampararam nos momentos mais difíceis.Momentos de dúvidas, angústias, momentos de inquietutes... agradeço muito a Deus por isso...pois como anjos ajudaram me a atravessar o caminho e foram mais além... seguindo lado a lado crescendo juntos neste caminhar. E quantos foram as vezes que juntos também tivemos que sair sacudindo as poeiras...Escutando,despertando e aplanando,
muito obrigada por essa partilha linda,
beijinhos
Gisele
Amiga...
ResponderEliminaragora foste tu que vostaste atrás e me deste a mão, me puxaste para a frente... por vezes o cansaço instala-se quando nos cansamos de puxar pelos outros, e aí vamos ficando também para trás...
eu agora estava assim: a necessitar de um puxão, de uma mão que me fizesse caminhar mais afincadamente... porque também há dias, alturas, assim. Obrigada!
E, sim, é tempo de Escutar, Despertar, Aplanar...
[estou sem muita inspiração...é que hoje a minha noite ainda vai ser longa , com uma Eucaristia Jovem na minha paróquia... e amanhã o meu dia vai ser longo também... mais um funeral na família, desculpa o desabafo :(
Fez-me muito bem ler-te! mais uma vez obrigada!
Abraço muito amigo
"Quantas foram e são, as vezes em que volto atrás? Inúmeras! Quantas valeram a pena? Muitas!"
ResponderEliminarContinuemos sempre na Missão que ele nos confia, confiados no Seu auxílio, que nos capacita. E quando esmorecemos, pensando ser em vão a mão que vamos dando a outros, esperemos que o tempo nos diga que não e demos-Lhe graças por isso.
É sempre muito bom ler-te, obrigada e aqui fica um beijinho para o caminho ;)
OLÁ,
ResponderEliminarDESCULPA ESTAR A ESCREVER AQUI...
COSTUMO VIR AQUI E FICAR EM SILÊNCIO...
DEPOIS DO QUE FIZ SÓ ASSIM POSSO FAZER...
HOJE VENHO LANÇAR UM DESAFIO... PASSA PELO MEU BLOGUE (http://avidaarenascer.blogspot.com/)E LÊ...
UMA ABRAÇO EM CRISTO
ZÉ GUSMÃO
Amiga Dulce,
ResponderEliminarUma profunda reflexão.
Na nossa caminhada há sempre avanços e recuos e por vezes o nosso Deus prega-nos algumas rasteiras para ver se estamos atentos!
Como as crianças que quando começam a caminhar caem e logo tentam levantar-se e um dia para nossa surpresa já estão a caminhar mais direitinhas. Um primeiro passo, devagar, depois outro e assim vão caminhando cada vez com maior firmeza.
Assim Deus nos ajude a sermos perseverantes como quando éramos crianças e aprendamos com os nossos recuos a erguermo-nos para prosseguir o caminho em direcção a Jesus Ressuscitado.
Grata por esta partilha.
Um beijinho e votos de um Santo Domingo.
Utília,tens razão! Nunca devemos desistir. Mesmo em silêncio, no nosso recanto, na nossa intimidade com Deus, podemos ajudar a levar aqueles que o renegam, através da oração.
ResponderEliminarBjeijinho amiga.
Olá Luís, eu diria que este mundo nos oferece tudo e renega Deus.
ResponderEliminarCabe-nos a nós que acreditamos, fazer a diferença e continuar apregoando, pois Ele é "O caminho, a verdade e a vida"
Obrigado Luis e um abraço fraterno
Olá Pe Manuel. Obrigado por marcar presença mais uma vez e se dispor a comentar o que me sai em jeito de reflexão.
ResponderEliminarObrigado pela humildade com que "desce" para entender e ajudar os que, (como eu)estão mais atrás. Este é o recuo de que falo. Obrigado e bem-haja.
De coração mais leve, deixo-lhe um abraço em Cristo e Maria
Canela, minha amiga, complementaste a minha reflexão, pois essa também é a minha atitude em relação aos que não se deixam guiar: pedir para que Deus faça um milagre em cada coração e que eles se voltem para Ele.
ResponderEliminarObrigado amiga.
beijinhos
Fá, minha amiga, deixaste-me emocionada com o teu "desabafo".
ResponderEliminarTodos temos dias de cansaço, dias em que queremos continuar ao mesmo ritmo mas não conseguimos. Por isso a caminhada tem que ser conjunta e em comunhão com Deus.
É no cansaço que sentimos que a mão de Deus actua, numa palavra, num gesto, num abraço...
Um beijinho grande e tenho a certeza que Deus já te restaurou para continuares a trabalhar na "Sua seara"
Olá Malú.
ResponderEliminarDeus sabe como é importante que uma mão se estenda para nós num momento de desanimo. Por isso nos move como pedrinhas e encaixa onde quer, para que no fim sai um bonito e completado puzzle.
Obrigado amiga.
É bom sentir a tua mão estendida através da tua palavra.
Jinhos
Emília, também peço a Deus a perseverança no nosso caminhar, porque não importa quantas vezes caímos, mas sim sempre nos levantarmos.
ResponderEliminar"Sózinho nada consigo, Contigo tudo posso"
bjinhos Emília.
Paz e bem
Gisele, minha amiga,
ResponderEliminarAmigos são anjos sem asas que nos amparam, rezam por nós, ecutam e nos estendem a mão. Amizade não tem distância porque para Deus não existem limites de qualquer ordem, por isso Ele trata de unir os Seus filhos mesmo à distância, através dum desabafo, duma oração.
Obrigado amiga pela tua amizade.
Que Deus te proteja.
bjinhos grandes
Um fim-de-semana em Fátima, que deu muito fruto e ainda há-de dar muito mais, afastou-me temporariamente destes espaços de caminhada, mas já qui estou novamente e pela graça de Deus mais cheio de ânimo e vontade.
ResponderEliminarBelíssima reflexão amiga Dulce.
Verdadeiramente esses nosso recuos são avanços, porque ao ajudarmos outros estamos sempre a avançar, porque eles têm sempre algo para dar.
Quando perceber que devemos desistir? Nunca!
Poderemos mudar de "estratégia", de acções, mas na oração temos sempre maneira de estarmos presentes na vida de cada um.
Amiga Dulce, quando estamos de coração aberto e disponível como estás, sempre há um momento em que percebemos o que Deus nos diz sobre o caminho a tomar.
E quando sentimos que "não vale a pena", o caminho que estamos a seguir na ajuda aos outros poderemos e devmos sempre recorrer à oração, que é uma forma de interceder tão pura e desinteressada, que nem os outros podem dela ter conhecimento.
E depois...depois Deus que faça, porque é n'Ele que nós confiamos.
E assim, me fizeste meditar e me ajudaste a recentrar o meu caminho.
Abraço amigo em Cristo
Olá meu amigo Joaquim.
ResponderEliminarFico contente pelo fim-de-semana que acredito tenha sido muito produtivo. Como sei que também colherei os frutos fico esperando as suas reflexões que tão bem me fazem, tal como esta resposta à minha postagem.
Joaquim tem toda a razão quando diz que quando nada mais há a fazer nos resta a oração. Mas também é verdade que quando se chega a esse ponto é sinal que não conseguimos trazer mais um para o Senhor. Quando assim é, torna-se impossível seguir sem sentir frustação.
Mas acredito que tudo tem um propósito, basta aguardar e quando menos se espera Deus mostra-nos qual.
Um abraço meu amigo.
E reparta connosco o que o Senhor lhe deu:)eheh
Minha amiga Dulce
ResponderEliminarEsta tua frase, leva-me a voltar aqui:
«Joaquim tem toda a razão quando diz que quando nada mais há a fazer nos resta a oração. Mas também é verdade que quando se chega a esse ponto é sinal que não conseguimos trazer mais um para o Senhor. Quando assim é, torna-se impossível seguir sem sentir frustação.»
Quem nos pode afirmar que não conseguimos trazer mais um para o Senhor?
Quem nos diz que tudo aquilo que fizemos e dissemos e rezámos, não tocou o coração do outro?
É que o tempo de Deus não é o nosso tempo, e no tempo de Deus esse outro irá encontrá-Lo, talvez até só na hora da morte.
Por isso, não sintamos frustração, mas sim uma total e absoluta confiança de que Deus se serve de nós e não deixa de ouvir as súplicas dos seus filhos, sobretudo quando pedem pela salvação dos outros.
Nada pode estar mais conforme a vontade de Deus que uma súplica dessa natureza.
Eu compreendo o que quiseste dizer, mas achei que devia acrescentar mais isto. Perdoa-me.
Abraço amigo em Cristo
Meu amigo, irmão Joaquim, que bom ter voltado, dou graças a Deus por isso.
ResponderEliminarTalvez já tenha percebido que esta reflexão veio na sequência duma fase que atravesso, onde investi(e continuo investindo)em trazer para a caminhada alguém que desistiu.
Alguém que tentou mas não aguentou a pressão, alguém que por enquanto não conseguiu edificar a sua fé e que ficou pelo caminho. Estou triste, acima de tudo porque sei que ela também está. Acredito que todos os esforços não foram nem serão em vão, tal como o meu amigo diz e muito bem: o tempo do Senhor não é o nosso. Talvez ainda não seja o momento certo mas acredito que ainda todos iremos colher os frutos.
Meu amigo, sabe como é bom sentir a sua luz no meu caminho, nas suas reflexões que me fazem meditar e caminhar mais segura e nas suas explicações que acalmam e fazem com que se faça luz nas minhas inquietudes.
Estou bem melhor, por isso não peça perdão, eu é que agradeço a Deus do fundo do meu coração, que Ele, Pai, me devolva a paz e entendimento através de filhos a quem Ele dá uma luz especial
Abraço meu amigo, irmão em Cristo e Maria