Chegámos de
surpresa...
Levámos
apenas a vontade de aliviar os "negros" que dizem sentir no peito...
Depois dos
sorrisos e abraços veio a mesma pergunta de sempre:
"Vão
cantar alguma coisinha p`ra gente?"
Tirámos da
mala as nossas cábulas cantadas e ajeitámo-nos no corredor.
Entre eles
estava a Luísa que sempre gostou de cantar, mas a penumbra da vida
amordaçou-lhe a vontade e há muito que não a convencíamos a soltar a voz.
Dizia-nos
que sentia um aperto e não tinha disposição para nada.
Aos poucos
fomos a reboque das suas modinhas, percorremos o nosso reportório e
acompanhámos as suas memórias que se iam abrindo. E a Luísa cantou...e
encantou...
Quando se
apercebeu olhou para nós e disse:
"Já
não sinto este aperto aqui"
O tempo
voou, olhámos para o relógio e estremecemos. Era hora de voltar.
Enquanto
percorríamos o corredor em busca do elevador ainda ouvíamos a voz poderosa da
Luísa que sobressaia das demais...
Cruzámos um
olhar em silêncio, sorrimos num entendimento recíproco. Invadiu-nos uma alegria
inexplicável que conhecemos bem.
Acontece
quando vamos com tudo o que somos, estamos, e damos tudo o que temos com o
objectivo de pintar de uma cor mais bonita o negrume dos seus corações...
Dulce Gomes e Isabel Gomes
(Fragmentos de momentos vividos com seres humanos fantásticos que tanto me têm ensinado e contribuído para o meu crescimento enquanto pessoa e cristã)
Comovente! Abração!
ResponderEliminar